DERMATOLOGIA VETERINARIA

Este termo “displasia epidérmica” indica um desenvolvimento anormal dos queratinócitos, células da epiderme, somado a uma hipersensibilidade exagerada à levedura Malassezia sp, microrganismos sapróbios da pele dos cães e dos gatos.

Alguns autores suspeitam que a origem deste defeito na renovação epidérmica e da resposta exacerbada à Malassezia, tenha uma origem genética e hereditária, determinada por uma herança recessiva autossômica ainda não identificada. Porém, há controvérsias neste ponto, pois alguns pesquisadores observaram que cães Westies com diagnóstico de displasia epidérmica, obtido mediante exame histopatológico de biópsia cutânea, que foram tratados com xampus desengordurastes e antifúngicos, bem como antifúngico e antibiótico orais, mostraram uma melhora acentuada do quadro clínico e, no novo exame dermato-histopatológico de espécimes colhidas 4 meses após o início do tratamento, houve uma mudança no padrão histológico, para o de uma dermatite perivascular superficial. Estes achados permitiram concluir que a displasia epidérmica é uma ração inflamatória de hipersensibilidade cutânea à antígenos da Malassezia sp, ou ainda resultado de um excessivo auto-traumatismo, e não uma distúrbio congênito de queratinização.

Os sintomas clínicos desta doença são pele oleosidade cutânea (seborréia) , descamação, Alopecia (perda do pelame) , acompanhados de prurido (coceira intensa) à medida em que a infecção fúngica se instala. A pele se torna espessa (hiperqueratótica) , escura (hiperpigmentada) e com odor rançoso desagradável, nos casos crônicos.
O quadro se inicia por volta dos 6 aos 12 meses de idade , inicialmente na região facial (cefálica), abdominal e das extremidades dos membros, se espalhando por todo o corpo. Normalmente vem acompanhado de uma excessiva produção de cerume em orelhas (meatos acústicos), prurido ótico e piodermite secundária.

O diagnóstico é dado mediante o exame histopatológico de biópsia cutânea, somado aos sintomas e lesões observados.

O prognóstico desta afecção é bastante reservado, uma vez que os casos crônicos respondem pobremente à terapia, havendo necessidade de manutenção perpétua de medicamentos que aliviem os sintomas, uma vez que não há cura definitiva. 

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Alergia Alimentar em Cães e Gatos

janeiro 26, 2011

A alergia alimentar, também denominada hipersensibilidade alimentar ou dermatite trofo-alérgica, ocorre em 10% dos cães e gatos dermatopatas e corresponde a cerca de 5% dos casos alérgicos, consituindo-se como a terceria dermatopatia de natureza alérgica mais frequente dentre cães e gatos.
A patogenia deste quadro envolve reações de hipersensibilidade tipos II, III e IV a antígenos alimentares, normalmente representados por glicoproteínas.

Estes antígenos são macromoléculas protéicas hidrosolúveis, com peso molecular superior a 7500 daltons, absorvidos pela mucosa intestinal devido a falhas na barreira intestinal, e reconhecidos como antígenos devido a falhas no sistema imunológico. A barreira intestinal é constituída pela secreção de Ig A de mucosa, pelas células epiteliais fortemente unidas e pela presença de muco.
Dentre os alimentos identificados como alergenos podemos citar: carne bovina, soja, frango, leite, milho, trigo e conservantes. Estes passam a serem reconhecidos com antígenos após a cocção, preparo e digestão do alimento.
Os animais podem ser acometidos em qualquer idade, sendo que cerca de 50% dos casos são animais jovens, menores de 1 ano. Mesmo quando o alimento, quer de origem comercial ou caseira, é oferecido há muito tempo para determinado animal , sem ter havido qualquer mudança nos hábitos aliementares, devemos suspeitar de alergia aliementar, pois a primo-manifestação dos sintomas pode demorar meses a anos.
Dentre as raças caninas mais predispostas podemos citar o Cocker Spaniel, o Labrador, o Collie, o Schnauzer, o Shar Pei, o Poodle, o West Highland, o Boxer, o Lhasa Apso e o Teckel.
Os sintomas da alergia alimentar são prurido intenso , mormente em região de face, orelhas, axilas, porções ventrais do corpo e membros. Podem estar presentes malasseziose cutânea e piodermites secundárias, bem como otites externas. As disqueratoses acompanham grande parte dos casos. Em cerca de 10 a 15% dos cães com dermatite trofo-alérgica há concomitância com emese, diarréia e cólicas intestinais intermitentes.
As lesões incluem alopecia focal ou disseminada, eritema, pápulas, pústulas, crostas , hiperqueratose ou liquenificação, descamação, untuosidade ou ressecamento cutâneo.

No gatos a alergia alimentar pode se manifestar clinicamente de múltiplas formas: dermattie miliar, alopecia, prurido (principalmente facial e cervical), urticária, granuloma eosinfílico (placa eosinofílcia, úlcera indolente e granuloma linear). Cerca de 10% dos felinos também apresentam emese e diarréia.
Não há sazonalidade quanto às manifestações sintomatológicas, exceto naqueles casos em que há associação com dermatite atópica.

O diangnóstico da alergia alimentar pode ser firmado, única e exclusivamente, através da interposição de uma dieta caseira dita “de eliminação”, durante um período que varia entre 10 a 13 semanas. Esta dieta deve conter ingredientes jamais ingeridos anteriormente pelo animal, tais como: peixe, carneiro, coelho, carnes de caça, arroz integral, ovos, batata e outros tubérculos. Durante este período de teste não deve ser dado nada extra ao animal, como petiscos, ossos industrializados, etc.

O uso de dietas comerciais, ditas hipoalergênicas, não é indicado com finalidade diagnóstica, uma vez que há riscos de contaminação da ração com outros ingredientes durante o processo de industrialização, ao fato de que a fonte de gordura animal contida na ração poder conter proteínas estranhas e, sobretudo, à presença de conservantes e aditivos, aos quais os animais podem ser alérgicos.

Vários estudos conduzidos por pesquisadores nos EUA mostram que 15 a 50% dos cães comprovadamente alérgicos a alimentos apresentam alergia a rações comerciais ditas hipoalergênicas.
Havendo uma melhora significativa após o término deste período de teste, pode-se optar pela exposição provocativa, em que o alimento ao qual se deseja investig é introduzido na dieta caseira de eliminação a cada 14 dias, observando-se neste período a piora ou manutenção do quadro. Quando houver agravamento lesional e recidiva do prurido, aquele alimento testado é considerado como alergeno e eliminado da dieta daquele animal. Assim, pode-se chegar à conclusão de que alimentos estão envolvidos na etiopatogenia da alergia para cada animal, e propor dietas caseiras balanceadas e individualizadas, ou mesmo dietas comerciais que não os contenham.

Muitos proprietários preferem manter a dieta de aliminação “ad eternum”, pois julgam ser menos trabalhoso ou porque temerem a recidiva dos sintomas e lesões. Neste caso, deve-se realizar um balanceamento correto da dieta, e ter em mente que este animal poderá se tornar também alérgico a estes ingredientes, no futuro.

Os testes sosrológicos e cutâneos não são indicados para o diagnóstico da hipersensibilidade alimentar, por vários motivos: primeiramente, por avaliarem apenas uma reação de hieprsensibilidade do tipo I, que não está envolvida na etipatogenia deste quadro . Ainda, utilizam antígenos “in natura”, ou seja, não processados ou submetidos à cocção, industrialização e digestão, processo estes que modificam sua estrutura molecular. Por fim, estes testes apresentam baixa especificidade e não são métodos confiáveis.

O tratamento envolve a idnetificação dos alergenos envolvidos e eliminação dos mesmos da dieta, utilizando-se preparados caseiros formulados de acordo com o resultado da exposição provocativa, ou rações comerciais que não contenham os alergenos em questão. A relação ideal entre carbohidratos e proteínas da dieta é de 1:1, desde que não haja nefropatia ou hepatopatia concomitante. O carbonato de cálcio deve ser acrescido, bem como vitminas, ácidos graxos e sais minerais. Para tanto, pode-se lançar mão do balanceamento nutriconal elaborado com auxílio de planilhas nutricionais ou de profissionais especialistas nesta área.

O uso de drogas anti-pruriginosas, tais como anti-histamíncios e glicocorticóides, podem ser usados para aliviar o prurido durante a fase inicial da dieta, mas por um período breve (10 a 15 dias) , a fim de não mascarar o efeito da dieta na melhora clínica.
Os quadros cutâneos associados à hipersensibilidade, tais como Malasseziose, piodermites e disqueratose, bem como as otites, devem ser medicados em paralelo, topica ou sistemicamente, de acordo com a magnitude lesional.

O prognóstico é bom, embora sujeito a recidivas em função de novos alergenos alimentares em potencial, presentes na dieta.

Informações resumidas sobre a doença.

Cibele Nahas Mazzei, MV, MSc
dermatopet.com.br

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Demartite Miliar Felina

abril 17, 2010

As lesões clássicas da dermatite miliar felina são pápulas pequenas encimadas por crostas focais, mormente em região cervical, ou generalizadas. A dermatite miliar não é um diagnóstico em si mas sim um termo que descreve um padrão de reação cutânea desencada por vários fatores.

As possíveis causas deste quadro mórbido, bem como alguns itens como localização das lesões, maneiras de chegar ao diagnóstico, tratamento e prognóstico estão dispostas a seguir em forma de tabela:

CAUSA LOCAIS ACOMETIDOS DIAGNÓSTICO TRATAMENTO PROGNÓSTICO
DAPP

Região lombo-sacra;

partes distais do tronco; disseminado.

Controle de pulgas. Glicocorticóides, anti-histamínicos, controle de pulgas. Bom.
Dermatite atópica Regiões cervical e cefálica. Exclusão de demais alergias; histórico e exame físico; testes intra-dérmicos Glicocorticóides, anti-histamínicos, imunoterapia, ácidos graxos essenciais. Bom, mas exige tratamento vitalício.
Alergia alimentar Regiões cefálica e cervical; disseminado. Dieta de eliminação. Glicocorticóides, anti-histamínicos, ácidos graxos. Bom.
Escabiose Orelhas, regiões cervical e cefálica; região caudal Exame parastitológico de raspado cutâneo Anti-parasitários bom
Cheyletielose Região dorsal do tronco Exame parastitológico de escamas Anti-parasitários bom
Dermatofitose Focais ou disseminadas Tricograma; cultivo micológico de pelame; luz de Wood Anti-fúngicos

Reservado em animais de gatis e gatos Persa.

Bom nos demais casos.

Foliculite bacteriana Pescoço e cabeça Citologia e biópsia Anti-bacterianos bom

Embora as lesões sejam de sejam de fácil reconhecimento , é fundamental que se chegue às causas de base para que se obtenha a cura definitiva e não haja recidiva. Para tanto, é necessário que se faça a exclusão de cada uma das possíveis causas citadas, e isto envolve a colaboração e adesão do proprietário, bem como o acompanhamento periódico do clínico veterinário.

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Como diagnosticar alergias em cães e gatos?

abril 16, 2010

A alergia em Medicina Veterinária, assim como em Medicina Humana, é de diagnóstico bastante complexo e vem acometendo um número crescente de cães e gatos no mundo todo. Creio que toda especialidade clínica atende casos difíceis, cuja condução torna-se um processo desgastante tanto para o proprietário quanto para o veterinário, afetando em última instância o próprio animal. Em dermatologia veterinária este “calcanhar de Aquiles “ , por assim dizer, constituem as Dermatites alérgicas.

Atualmente elas correspondem a cerca de 70% dos casos dermatológicos atendidos na rotina clínica-dermatológica e, muitas vezes, o diagnóstico é trabalhoso e o prognóstico é sombrio. Digo isto porque não existe mágica, ou seja, não é possível diagnosticar alergia de forma confiável através de um exame laboratorial, como fazemos com tantas outras doenças dermatológicas, tais como as dermatites parasitárias (sarnas), as dermatites fúngicas (micoses), as neoplasias, as doenças autoimunes e tantas outras.

O diagnóstico confiável baseia-se na exclusão de demais dermatopatias pruriginosas (doenças que causam coceira) e, uma vez confirmado tratar-se de alergia, excluímos as diversas causas alérgicas. Isto, na maioria das vezes, gera frustração tanto ao cliente quanto ao veterinário especialista. O primeiro porque já consultou inúmeros profissionais antes de chegar a um especialista e quer uma resposta simples e imediata que resolva o problema do seu animal. Por outro lado, nós, clínicos, também nos frustramos ao perceber o semblante desanimador do proprietário, pois terá que passar por várias etapas antes de descobrirmos o tipo de alergia que acomete seu animal e, muitas vezes, terá que lidar com algo incurável por toda a vida.

A primeira etapa consiste na eliminação de ectoparasitas, pulgas, carrapatos e piolhos. Uma vez isto feito, eliminamos alimentos possivelmente envolvidos na alergia, e isto exige muita paciência e dedicação por parte dos proprietários, pois terão que oferecer alimentos caseiros ao animal por um período muito longo, que varia entre 60 e 90 dias, e remover todos os alimentos industrializados da sua dieta. Esta dieta, chamada de eliminação, é uma etapa fundamental para se excluir alergia alimentar, e não pode ser negligenciada. Os ingredientes são escolhidos pelo veterinário com base naquilo que o animal nunca tenha ingerido anteriormente. A adesão a este protocolo é fundamental para concluirmos que alergia o animal tem de fato.

Uma vez feito isto e não havendo melhora clínica, concluímos por fim tratar-se de uma dermatite atópica, também chamada a alergia a inalantes ambientais, que é incurável e exigirá um tratamento permanente do animal.

O que ocorre, na maioria das vezes, é que muitos proprietários saem frustrados da consulta com o especialista em dermatologia, dizendo: “Mais um que não sabe o que meu animal tem…”. Isto, mesmo depois de ouvir uma explicação minuciosa, detalhada de todo o processo, e das etapas que virão a seguir. A sensação que fica é de falta de diagnóstico correto. Este sentimento tem levado muitos proprietários a procurarem receitas milagrosas, vacinas mágicas cujo nome e conteúdo não são revelados pelos colegas, muitas delas manipuladas, que prometem cura completa. Desconhecem que estes produtos, infelizmente contém, na maioria das vezes, corticosteroides, verdadeiros venenos quando utilizados de forma indiscriminada. Outros, por sua vez, são realmente fórmulas místicas e empíricas, sem nenhum fundamento científico.

Tenho atendido muitos pacientes ludibriados por estes procedimentos, e animais que desenvolvem insuficiência renal prematura ou mesmo cardiopatias em idade precoce, efeitos colaterais do uso excessivo de corticoides.

Para nós, dermatólogos, seria muito mais fácil conduzir tais casos de forma rápida e eficiente, diagnosticando genericamente como “dermatite “ e fazendo o uso amplo de corticosteroides injetáveis, porém, aqueles que trabalham de forma consciente sabem que este não é o melhor para o animal.

Fica aqui o alerta para os proprietários de animais supostamente alérgicos: a investigação detalhada se faz necessária para uma condução adequada do paciente. Contudo, uma vez concluído o diagnóstico de dermatite atópica, o uso de medicamentos será por toda a vida.

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Dica: cuidados devemos ter ao adquirir um animal de estimação

abril 12, 2010

- Dê preferência por comprar um filhote diretamente do canil ou do criador, pois é uma oportunidade de se conhecer os pais, os irmãos da mesma ninhada ou de ninhadas anteriores, e observar as condições de higiene e manejo do local (alimentação, tipo de canil, estado nutricional ds animais, etc).

- Observe, se for macho, se os dois testíulos são palpáveis e estão na bolsa escrotal. A ausência de 1 ou dos 2 testículos
é congênita, e pode ocasionar problemas futuros.

- Observe a cor da gengiva dos filhotes (deve ser rosa) e o estado geral da pelagem. A presença de caspa, falhas na pelagem, pulgas, carrapataos, piolhos deve ser verificada. O pêlo deve ser brilhante e firmemente aderido.

- Observe se o filhote se coça em excesso.

- Pergunte sobre a mãe, o pai e antecedentes mais distantes. Doenças como sarna negra (ou demodécica) e atopia canina (alergia a inalantes) são congêntias (transmitidas geneticamente).

- Exija o atestado de displasia coxo-femural negativo dos pais (no caso de raças de porte médio ou grande que são as mais
predispostas).

- É ideal que o primeiro banho seja dado somente após a primeira vacina múltiplas (V8 ou V10 no caso dos cães
e V4 nos gatos), sempre com água morna e corrente, sabonete ou xampus neutros, protegendo as orelhas com algodão hidrófobo ou parafinado. Evite correntes de ar e procure dar o banho no horário mais quente do dia. Seque com toalha ou com secador morno. Os felinos não necesitam de banhos frequentes, a não ser que venham apresentar algum problema de pele.

Ver outras dicas

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Infestação por piolhos (Pediculose)

março 28, 2010

Os piolhos são insetos espécie-específicos que acometem os animais domésticos e também o homem. Isto quer dizer que as espécies que acometem o homem não infestam os animais, e vice-versa. Embora tenham uma grande capacidade de proliferação, eles não sobrevivem mais do que alguns dias no ambiente longe do hospedeiro e são transmitidos por contato direto com animais infestados, bem como com objetos tais como escovas, pentes, cama, travesseiros, etc. A infestação por piolhos denomina-se pediculose.

Há dois tipos de piolhos em cães e gatos: os sugadores (Anoplura), que se alimentam de sangue e podem causar anemia e fraqueza em infestações maciças, e os mastigadores (Malophaga), que se alimentam de restos celulares da pele e do pelame. Podem ainda transmitir uma veminose intestinal pelo parasita Dipillidium caninum.


Cão infestado por piolhos com dermatite alérgica
à picada desses parasitas

Ambos os tipos podem causar uma dermatite alérgica caracterizada por prurido intenso (coceira), com conseqüente perda da pelagem e escoriações cutâneas. O animal apresenta um odor característico “de rato” e, freqüentemente, encontra-se irritadiço e nervoso pelo incômodo que sente. Há, contudo, casos assintomáticos em que os animais apresentam apenas uma seborréia seca levemente pruriginosa. Estes são os portadores sãos.


Piolho mastigador do cão (Trichodectes canis)

Piolho sugador do cão (Linognathus cetosus)


Piolho sugador humano (sub-ordem Anoplura)

Normalmente, os piolhos acometem animais que vivem em locais sujos, na rua ou em abrigos superpopulosos, e preferencialmente nos meses mais frios do ano.

O diagóstico é feito mediante um exame físico detalhado, bem como o exame microscópico do material obtido do pelame.

No tratamento, devem ser incluídos todos os cães da propriedade bem como os contactantes, e deve-se eliminar ou tratar os travesseiros, cobertores, toalhas, pentes e escovas, simultaneamente. Para isto podem ser usados inseticidas tópicos, na forma de xampus ou “spot on” (piretórides: deltametrina, permetrina, carbamatos, fipronil, imidacloprid, dentre outros), bem como sistêmicos (ivermectina).

No homem, há 3 espécies de piolhos: o do couro cabeludo (Pediculus capitis), o piolho do corpo (Pediculus humanus) e o Pthirus pubiso, vulgarmente chamado de “chato”, que causa a pediculose da púbis. Estes insetos podem transmitir doenças como a febre das trincheiras, a febre recorrente, que pode causar a morte quando não tratada, e o tifo exantemático, que se caracteriza pela febre e irritação da pele.

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Piodermite

março 28, 2010

Todos nós que militamos na área de Dermatologia de cães e gatos ficamos por vezes estarrrecidos e enfadados ao ver tantos casos de uma mesma doença: AS PIODERMITES.

Piodermite nada mais é do infecção bacteriana da pele (pio = pus, dermite = inflamação da pele). Podemos também chamá-las de foliculites bacterianas pois, via de regra, estas infecções envolvem os folículos pilosos, que são os locais da pele de onde nascem os pêlos.


Lesões clássicas de piodermite: pústulas e vermelhidão da pele (eritema)

Existem inúmeras causas para que elas aconteçam, isto porque a bactéria, principal causadora da doença em cães e gatos, é o Staphylococcus spp, que também faz parte da própria microbiota cutânea, isto é, vive na pele normal dos animais saudáveis sem causar nenhum problema. Então, sempre há um fator desencadeante que faz com que se quebre o equilíbrio entre a população bacteriana e o hospedeiro, levando a uma proliferação bacteriana excessiva e sem controle, o que ocasiona as lesões e os sintomas caracterísiticos. Este é o principal motivo que torna as piodermites tão freqüentes: o fato de serem manifestações de várias outras doenças que citaremos a seguir.

Como são as lesões?
Embora o nome da doença indique que deve haver a presença de pus, isto não ocorre na maioria das vezes. As lesões se manifestam de múltiplas formas: pápulas (pequenas elevações) avermelhadas recobertas por crostas (vulgarmente seriam “casquinhas”), pequenas bolhas com pus (pústulas), perda de pelame de forma circular recobeta por escamas, úlceras (perda de tecido profunda), erosões (perdas superficiais de tecido).


Lesões de piodermite em região cervical de um felino.

Como pode ser dado o diagnóstico?
O clínico pode fazer isto através do aspecto das lesões e da citologia do material (análise microscópica). Por vezes se torna também necessária a cultura microbiológica do material obtido das lesões.

O mais importante, contudo, não é diagnosticar a piodermie mas sim identificar suas causas. Para isto o veterinário deve fazer uma investigação detalhada quanto a possíveis alergias, seborréia, sarna negra, desequilíbrios hormonais, presença de pulgas ou de outros parasitas, carências nutricionais, micoses, doenças auto-imunes, etc. Por fim, há casos em que não se descobre a causa, e estes são chamados de idiopáticos.

O tratamento consiste no uso de antibióticos, xampus anti-sépticos ou anti-seborréicos e, principalmente, na identifiação e correção das causas de base.

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Problemas dermatológicos

março 28, 2010

Se o pêlo do seu amigão não anda bem, caindo ou com falhas, ele pode estar com algum problema de pele. Conheça as causas mais comuns.

Os principais problemas dermatológicos dos cães são as dermatites alérgicas, dermatites parasitárias (sarnas), as micoses superficiais e as piodermatites.

Alergias
Dentre as alergias, a mais frequente em nosso país é a alergia à picada de pulgas. Isto ocorre devido às condições climáticas favoráveis à procriação deste inseto, ocorrendo uma grande incidência desta alergia em meses mais quentes. Atualmente, existem várias maneiras de controlar esse problema, desde “anticoncepcionais para pulgas”, dados ao cão e ao gato por via oral, até inseticidas dotados de prolongada ação residual.

A atopia, alergia desencadeada por inalantes (ácaros, bolores e pólen) é o segundo tipo mais frequente de alergia em cães, e pode ser diagnosticada através de exame de sangue específico. Em terceiro lugar situa-se a alergia alimentar, sendo os alimentos de origem protéica (carne bovina e frango) os principais envolvidos.

Deve-se lembrar que a maioria das rações comerciais são constituídas basicamente por esses ingredientes, não estando, portanto, excluídas como potenciais causadoras de alergia alimentar.

Sarnas
Existem 2 tipos: a escabiose, transmissível a outros animais e ao homem, e a sarna negra ou demodécica, transmitida apenas da mãe para os filhotes nas primeiras horas de vida. Esta última causa lesões geralmente mais graves do que aquelas desencadeadas pela escabiose, e pode ser controlada, mas não curada totalmente.

Portanto, fêmeas que apresentam ou apresentaram quando filhotes a sarna negra, não devem procriar a fim de evitar-se maior disseminação desta doença. Curiosamente, a escabiose felina pode ser transmitida ao cão e vice versa, e ambas (felina e canina) podem ser transmitidas ao homem.

Micoses
As micoses superficiais são mais freqüentes em cães e gatos jovens (menores de 1 ano de idade) e são adquiridas através do contato com a terra, fômites contaminados (pentes,toalhas, tapetes…) e com outros animais. Estas também são potencialmente transmissíveis ao homem.

Piodermites (infecções bacterianas da pele)
Podem aparecer como conseqüência de qualquer uma das doenças acima citadas, sendo portanto, extremamente frequentes. Muitas vezes são confundidas com micoses ou alergias pelo clínico geral não especialista, pois assumem aspectos diversos e variados, assemelhando-se a outras dermatites. Além de diagnosticar e tratar a piodermite, é fundamental que se investigue as suas causas a fim de se evitar que ela reapareça.

Problemas hormonais
Diabetes mellitus, hipotireoidismo (diminuição da atividade das glândulas tireóides) e hiperadrenocorticismo (aumento da atividade das glândulas adrenais), podem levar a piodermites crônicas e recidivantes (que melhoram e depois reaparecem), além de causar queda do pelame e alteração na cor da pele e do pêlo, podendo ainda estar acompanhadas de obesidade.

A melhor forma de prevenir a maioria dos problemas de pele dos cães se dá através da escovação diária do pêlo e de banhos cuja frequência ideal (semanal, quinzenal ou mensal) depende do tipo de pelagem, das condições climáticas e de manejo nas quais o animal é criado. Já os gatos, extremamente asseados, dispensam os banhos frequentes, exceto quando apresentam dermatites, a exemplo da sarna, da micose e das piodermites.

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Bicho de pé: que bicho é esse?

março 28, 2010

O popularmente conhecido como “bicho de pé”, e cientificamente Tungíase, nada mais é do que uma pulga, a menor que existe, chamada Tunga penetrans, que vive em solos arenosos, quentes e secos, principalmmente em chiqueiros de porcos. A fêmea, depois de fecundada, é responsável pela doença, pois se aloja na pele de suínos e do homem, podendo acometer cães também.

Elas afetam principalmente as solas dos pés, os coxins dos cães, e região inter-digital e abaixo das unhas, causando lesões visíveis, do tamanho de um grão de ervilha. Isto porque a fêmea grávida entra na pele deixando apenas a parte posterior livre para respirar e depositar seus ovos no ambiente.


Adulto da pulga Tunga penetrans
Fonte:
www.ufrgs.br

O animal acometido e o homem sentem coceira e dor para andar. As lesões desencadeadas pelo parasita podem servir como porta de entrada para outras infecções, como o tétano, que é bastante grave.


Lesões em coxins de cão acometido por tungíase.
fonte:
www.med.sc.edu

O tratamento consiste na remoção dos parasitas em condições assépticas, desinfecção do local e, no caso do homem, previne-se a reinfestação com uso de calçados. No ambiente, pode-se aplicar inseticidas. A retirada de folhas secas do solo, o corte freqüente da grama e a manutenção do jardim são medidas fundamentais para o controle da pulga, pois ela gosta de locais secos e sombreados.

A Tungíase é considerada endêmica nas comunidades pobres do nordeste do Brasil, afetando populações ribeirinhas, que habitam em favelas ou mesmo em comunidades de pescadores. Os reservatórios da pulga nestes locais são os cães, gatos e ratos.

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Alterações na cor da pele e pelagem dos animais

março 28, 2010

A cor natural da pele, tanto do homem quanto dos animais, depende da quantidade e localização da melanina e de outros pigmentos presentes tanto na pele quanto no pêlo, nas penas das aves, nas escamas dos peixes, etc.

Quando um animal apresenta um escurecimento da pele, chamamos isto de HIPERPIGMENTAÇÃO OU MELANODERMIA, e quando ocorre o inverso, ou seja, diminuição ou perda da cor natural, denominamos HIPOPIGMENTAÇÃO OU LEUCODERMIA. O mesmo vale para mudanças na cor do pêlo: leucotriquia (pêlo que se tornou mais claro) e melanotriquia (pêlo que se tornou mais escuro).

Existem muitas causas que levam a estas alterações, e vamos abordar apenas algumas delas. No caso das hiperpigmentações podemos citar:

  • LENTIGO: manchas negras no abdomen (região das mamas), de origem hereditária.
  • ACANTOSE NIGRICANTE: comum em cães da raça Teckel (antigo Dachshund ou salsichinha); pode ser de origem genética ou decorrente de alergias e micoses. Aparece como manchas negras acompanhadas de uma maior espessura e aspereza da pele na região axilar e inguinal (virilha).
  • MANCHAS PÓS-INFLAMATÓRIAS: decorrentes de lesões cutâneas de origem inflamatória (cicatrizes, infecções bacterianas da pele, sarna negra, micoses, etc). Muitas delas regridem quando tratamos a causa de base.
  • ALTERAÇÕES HORMONAIS: problemas decorrentes do mau funcionamento das tireóides, das gônadas (testículos e ovários) e das glândulas adrenais promovem manchas na pele e mudança na cor dos pêlos.


Husky Siberiana com áreas hiperpigmentadas e despigmentadas no pelame devido à endocrinopatia (desequilíbrio de hormônios sexuais) – antes e pós castração (foto: Cibele Nahas)

  • USO DE MEDICAMENTOS: drogas como mitotane e menociclina podem promover escurecimento da pele e do pelame.
  • TUMORES CUTÂNEOS: melanomas, carcinoma baso-celulares, fibromas e outros tumores podem aparecer como manchas em relevo de coloração castanho escura ou nódulos (massas sólidas com mais de 1 cm de diâmetro) enegrecidos.

Já em relação à perda ou diminuição da pigmenação, podemos citar outras causas:

  • ALBINISMO: hereditáio e genético, caracteriza-se pela brancura total dos pêlos e da pele, sendo que a íris dos olhos é azulada. Gatos brancos só são considerados albinos se não possuem nenhuma parte do corpo com pigmento, nem mesmo as almofadinhas das patas (coxins).
  • VITILIGO: mais freqüente nas raças Pastor alemão, Rotweiller, Doberman e Schanuzer gigante, bem como em gatos siameses. É de origem genética e hereditária, acarretando perda da coloração do pêlo e/ou da pele que normalmente se inicia pela cabeça, envolvendo inclusive os coxins e as unhas.
  • DEPIGMENTAÇÃO NASAL ( “DUDLEY NOSE, SNOW NOSE”): de causa desconhecida, aparece como uma perda gradual da cor negra ou castanho-escura do nariz, que adquire uma cor desbotada. Pode haver uma melhora espontânea, ou ciclos de melhora (nos meses mais quentes) e piora (nos meses mais frios do ano). É comum dentre os cães Labradores, Golden Retriever, Husky siberiano, Bernese Mountain dog, Pastores alemães e Poodles. É importante se fazer a diferenciação com dermatite de contato pelo uso de comedouros plásticos, bem como com outras doenças, como as auto-imunes, citadas a seguir.


Despigmentação nasal em Golden Retriever (fotos: Karine Andrade)

  • DOENÇAS AUTO-IMUNES: embora pouco freqüentes, algumas delas podem levar à morte se não diagnsoticadas a tempo. As que causam perda da pigmentação na região do focinho e da cabeça são o Pênfigo eritematoso, o Lupus eritematoso discóide, o Pênfigo foliáceo, e a Síndrome úveo-dematológica, muito comum nos cães Akitas. O tratamento envolve o uso de drogas imunosupressoras, como corticóides, bem como de anti-inflamatórios e protetores solares.


Síndrome úveo-dermatológica em
Akita com despigmentação nasal
(foto: Cibele Nahas)


Cães Samoyeda com despigmentação nasal
devido ao Lupus Eritematoso Discóide
(foto: Cibele Nahas)

  • HIPOPIGMENTAÇÃO PÓS-INFLAMATÓRIA: a inflamação cutânea normalmente promove aumento da pigmentação, mas pode induzir também à perda ou diminuição da cloração da pele em casos de calos de apoio inflamados, esporotricose, leishmaniose e queimaduras. A esporotricose e a Leishmaniose são doenças transmissíveis ao homem, muito graves, e devem ser prontantamente identificadas pelo clínico.
  • USO DE MEDICAMENTOS: cortisona, hormônios anti-concepcionais, cetoconazol e procainamida podem levar a um clareamento do pêlo.


Despigmentação desencadeda por
aplicação de corticóide sub-cutâneo
(foto: Cibele Nahas)

  • DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS: deficiência de zinco, cobre, ácido pantotêncio e lisina na dieta podem promover branqueamento ou avermelhamento do pelame.

Existem muitas outras causas, mas estas são as mais corriqueiras. Cada uma delas pode ser diagnosticada preferencialmente pelo clínico veterinário especialista em dermatologia, mediante um bom exame clínico, bem como pêlos trazidos pelo proprietário. Normalmente, se faz necessária a realização de exames complementares para fechar ou concluir o diagnóstico, a exemplo do exame histopatológico da biópsia cutânea, que deve ser realizado por um patologista com grande vivência em dermatologia.

Para cada caso há uma conduta específica, e o veterinário especialista é o profissional mais indicado para orientar o proprietário.

Não podemos deixar de citar ainda as manchas senis e os pêlos brancos decorrentes do envelhecimento natural, afinal, os anos passam para todos, até mesmo para nossos animaizinhos…

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


INTRODUÇÃO

      A padronização da coleta por parte do médico veterinário através de um manual que contenha todos os passos a serem seguidos, é uma forma de garantir a qualidade do resultado dos exames. A confiabilidade dos testes laboratoriais realizados e a interpretação dos resultados dependem, primariamente, da qualidade da amostra recebida. Para cada exame há uma forma correta de coleta, conservação e envio. Tem que se pensar em todas as variáveis que possam vir a interferir nos exames:
  • Coleta inadequada;
  • Tempo entre a coleta e a realização do exame;
  • Relativo ao paciente: idade, raça, sexo, gestação;
  • Stress (animal bravio);
  • Volume inadequado;
  • Conservantes (físico e químicos) inadequados;
  • Contaminação da amostra;
  • Tempo de jejum;
  • Garroteamento prolongado;
  • Temperatura ideal de armazenamento da amostra;


ACONDICIONAMENTO E ENVIO DE MATERIAL BIOLÓGICO

      O acondicionamento do material biológico é uma etapa de suma importância para manutenção da qualidade, no processo de realização de exames. Cada material biológico é acondicionado conforme o exame solicitado. Para a maioria dos exames laboratoriais o acondicionamento ideal sobre refrigeração entre 2o e 8oC.

      Para clínicas no Município do Rio de Janeiro as amostras colhidas deve ser acondicionada de forma adequada para cada exame até que o funcionário do laboratório as recolha.

      Quando a clínica estiver localizada fora do município, o material deve ser enviado em caixas de isopor, contendo quantidade suficiente de gelo reciclável ou cubos de gelo embalados em plástico ou jornal. O material não deve ter contato direto com o gelo. Esta caixa deve ser vedada corretamente.

      Existem alguns exames que exigem o congelamento da amostra até o momento da execução. Para esses exames é ideal utilizar gelo seco, para melhor conservação. Caso não tenha gelo seco, deve-se fazer um "sanduíche", ou seja, colocar a amostra entre dois gelos recicláveis e congelá-los juntamente.

      Alguns exames devem ser mantidos à temperatura ambiente, já que a refrigeração ou congelamento pode alterar a amostra e consequentemente impedir a realização do exame.

      É importante lembrar, também, que para a realização de alguns exames necessitamos que o material biológico venha protegido da luz (frasco âmbar, papel alumínio ou carbono).

CONSEQUÊNCIAS DE UM MATERIAL MAL ACONDICIONADO

      Um acondicionamento mal feito pode resultar em deterioração do material biológico (impedindo a realização do exame), resultados alterados, quebra ou vazamento do material, rótulos molhados e ilegíveis, requisições ilegíveis e molhadas (quando enviadas junto com o material).

EXAMES DE CURTO PRAZO DE CONSERVAÇÃO

      É preciso ter um cuidado todo especial com materiais biológicos considerados urgentes e/ou aqueles com curto prazo de conservação.

      Estes materiais devem ser colhidos e enviados imediatamente. Quando chegam ao Laborlife Análises Clínicas, têm um tratamento diferenciado para garantir a execução do exame no prazo adequado.
      Estes materiais exigem todo cuidado por vários motivos:
  • São nobres (líquidos biológicos em geral, líquor, líquido pleural, etc.)
  • São materiais de coleta difícil.
  • Requerem até 8 horas para serem realizados (ex. EAS, glicose, fatores de coagulação, etc.)


EXAMES HEMATOLÓGICOS

      A hematologia é uma especialidade médica que tem uma grande dependência dos métodos de laboratório sem geral e das técnicas citológicas em particular, lembrando que a última resolve 80% das patologias sangüíneas. As células do sangue são de fácil obtenção em geral e seu estudo é de grande utilidade diagnóstica em processos patológicos. Por essa razão o hemograma é uma das análises mais solicitadas pelo clínico. Em Medicina Veterinária os estudos hematológicos têm como finalidade:

      Confirmar a presença ou ausência de anormalidades sangüíneas, delimitar a extensão, o local do processo, estabelecer as causas de uma alteração sangüínea, servir de guia no prognóstico de casos clínicos. Temos exames quantitativos (números de hemácias, leucócitos, plaquetas) e qualitativos (características morfológicas). Para realizar uma correta análise hematológica, o sangue tem que seguir conservando suas características físico-químicas, para que não existam alterações ou artefatos na amostra extraída que possam levar a resultados errôneos. Por isso se tem desenvolvido produtos químicos denominados anticoagulantes que mantém o sangue coletado em seu estado líquido.

1 - A primeira premissa a respeitar para realizar uma análise é que o sangue obtido e transferido para um tubo com anticoagulante não tenha coágulo.
2 - A segunda premissa é conservar sempre a proporção entre sangue e anticoagulante.

O excesso de anticoagulante pode acarretar em:
  • Destruição das plaquetas com resultados falsos de plaquetopenia
  • Degeneração citoplasmática dos neutrófilos, com presença de corpúsculos intracitoplasmáticos que não se pode reconhecer se são bacterianos ou de outra etiologia
  • Vacuolização de monócitos
  • Destruição e hemólise das hemácias com resultados falsos de hemoglobina e hematócrito
      Não deve ser utilizado material reciclado. Os produtos utilizados para limpeza podem levar a uma destruição generalizada das hemácias e degeneração de todas a s formas sangüíneas. Todas as amostras obtidas sob estas condições deveriam ser descartadas já que se perde confiabilidade diagnóstica, tempo e dinheiro. A - ESFREGAÇO SANGUÍNEO:
      Usado para pesquisa de hemoparasitos (Anaplasma, Babesia, Filaria, Ehrlichia e Trypanosoma), deve-se colher sangue periférico. Realizados ainda para verificar as características morfológicas dos eritrócitos, para contagem diferencial de leucócitos, contagem de plaquetas, eritroblastos. Como fazer um Esfregaço:
1. Manter a lâmina horizontalmente entre o polegar e o indicador.
2. Colocar uma pequena gota de sangue na extremidade da lâmina.
3. Com uma segunda lâmina (extensora) colocar o seu rebordo livre contra a superfície da primeira, em frente à gota de sangue, formando um ângulo de 45 .
4. Realizar um movimento para trás de modo que entre em contato com a gota de sangue, pressionando-a até que a gota se espalhe por toda a borda da lâmina.
5. Impelir a lâmina, guardando sempre o mesmo ângulo, em um só movimento, firme e uniforme, sem separar uma lâmina da outra. Forma-se então uma delgada camada de sangue.
6. Secar rapidamente ao ar, e enviar em porta-lâminas fornecidos pelo Laborlife.
*** Esta mesma técnica pode ser utilizada para remessa de material citológico.

Observações:
- É conveniente fazer, pelo menos, três esfregaços ao mesmo tempo.
- O esfregaço deve ser feito com sangue recém colhido sem anticoagulante.
- A lâmina tem que estar limpa e desengordurada.
- A gota de sangue não deve ser muito grande e proporcional a 5 microlitros de sangue. Quanto maior for a gota, tanto mais espesso será o esfregaço.
- A distensão deve ser feita rapidamente, antes que comece a coagulação.
- Com uma gota de tamanho adequado à distensão medirá mais ou menos 3 cm.
- A espessura da distensão está na dependência do ângulo formado pelas duas lâminas, da pressão exercida e da velocidade da mesma.
- O esfregaço não deve cobrir toda a lâmina, devendo apresentar cauda ou franja.
- O aspecto da distensão deve ser liso e nivelado, sem ondulações, poros ou saliências.
- A identificação pode ser feita diretamente na lâmina a lápis ou em etiquetas de papel.
- Os esfregaços em camada delgada permanecem em ótimas condições técnicas por algumas semanas.
Os esfregaços não devem ser deixados expostos sem proteção, evitando o contato dos mesmos com poeira, insetos e impressões digitais.

B - SANGUE TOTAL:
      Indicado para hemograma completo (contagem global de hemácias, leucócitos, plaquetas, determinação do hematócrito, VCM; HCM; CHCM, e dosagem de hemoglobina), dosagem de PH e de metabólitos sangüíneos (glicose, corpos cetônicos, ácido láctico, amônia), presença quantitativa de algum metal (chumbo, zinco, manganês, molibdênio e cádmio), pesquisa de células LE, dosagem de hemoglobina glicosilada para controle do diabetes, etc.

SANGUE COM EDTA (frasco com tampa roxa)
      Colher por punção venosa utilizando o frasco a vácuo ou puncionar a veia com seringa e colher de 1,5 a 3 ml de sangue. Este procedimento deve demorar no máximo 2 minutos. Para contagem de plaquetas utilizar frasco plástico com EDTA. Tampar e homogeneizar por movimento pendular por no mínimo 30 segundos.
Para hemograma, leucograma, avaliação de plaquetas e pesquisa de hematozoários, realizar extensão fina em lâmina nova e secá-la ao ar. Acondicionar as extensões em porta- lâminas bem fechados na temperatura ambiente.
Manter a amostra de sangue com EDTA refrigerada (2 e 8 C).

ANTICOAGULANTES:
      

EDTA:
       comercializado em forma de sal di-potássio, di-sódico e tri-potássico sendo os dois últimos os mais utilizados. É o anticoagulante de eleição para hematologia, se utiliza 1mg para 1ml de sangue ou 0,5 ml de solução a 1% para 5 ml de sangue ou 0,1 ml de solução a 1% para 1 ml de sangue. A coagulação se evita pela eliminação do cálcio do sangue. Podem ser feitas contagens 24 a 36 horas após a coleta se a amostra estiver mantida em uma temperatura de refrigeração de 4 C, nunca deve ser congelado, nem sofrer temperaturas superiores a 37 C, nestes casos a amostra é totalmente inviável. Um tempo excessivo da amostra com anticoagulante leva a vacuolização dos monócitos, seguido do inchamento dos linfócitos, presença de vacúolos nos neutrófilos que são confundidos com as inclusões tóxicas. Pode ocorrer ainda destruição das hemácias. Consequentemente recomenda-se esfregaço sangüíneo se o prazo entre a coleta e o exame for maior que 24 horas. É também o anticoagulante de eleição para o teste de imunohematologia: teste de Coombs.

HEPARINA:
      É um anticoagulante natural. Não é o anticoagulante de eleição para hematologia. Atua interferindo na conversão de protombina em trombina. É usada uma concentração de 0,2 ml de heparina saturada por cada ml de sangue. Embora as contagens 12 a 24 horas após a coleta possam ser feitas, produzem sérios danos nos esfregaços o que faz totalmente inviável. O esfregaço deve ser feito imediatamente. As alterações que ocorrem são: degeneração nuclear dos neutrófilos, degeneração citoplasmática dos neutrófilos e monócitos. Os leucócitos não têm uma forma tão clara em comparação com outros anticoagulantes. Se tiver um excesso de heparina ocorre formação de corpúsculos de Heinz, alteração na coloração vital para reticulócitos, formação de agregados plaquetários. Se o esfregaço for realizado 24 a 36 horas após a coleta, não se distingiram os possíveis corpos de inclusão vírica, parasitas hemáticos, corpos de inclusão de erlichias em monócitos e neutrófilos. Não é um anticoagulante utilizado para estudos imunohematológicos: Teste de Coombs. Uma das vantagens da heparina é que é excelente para determinações de perfis bioquímicos. Como desvantagens assina-se seu custo mais elevado que os outros anticoagulantes.

CITRATO DE SÓDIO:
      É o anticoagulante ideal para estudos de coagulação. Se utiliza a concentração de uma parte de citrato de sódio para 9 partes de sangue total. É imprescindível manter a relação anticoagulante/sangue para realizar as provas de coagulação. Os valores obtidos sem esta relação não têm nenhum valor diagnóstico. Atuam quebrando o cálcio, formando um complexo com o mesmo e impedindo o processo de coagulação.

FLUORETO:
      Similar ao citrato, recomendado especificamente para a dosagem de glicose, pois inibe o processo de glicólise que ocorre nas hemácias, mantendo os níveis in vitro deste metabólito por mais tempo. Colher por punção venosa utilizando o frasco a vácuo ou puncionar a veia com seringa e colher no mínimo 2 ml de sangue.
Este procedimento deve demorar no máximo 2 minutos. Tampar e homogeneizar por movimento pendular por no mínimo 30 segundos. caso haja disponibilidade de centrífuga, o sangue também poderá ser colhido em tubo de tampa vermelha ou em tubo de tampa roxa, contanto que a amostra seja imediatamente centrifugada e o coágulo/sangue separado da amostra evitando o consumo de glicose e produção de ácido láctico. A dosagem deverá ser feita em até 6 horas após a coleta quando não se tem condições de separar o plasma antes de chegar ao laboratório, pois o processo de glicólise continua, mesmo com a presença de fluoreto de sódio que retarda este processo.

OXALATO DE POTÁSSIO, DE CÁLCIO OU DE AMÔNIA:
      Interferem com o hematócrito e alteram a distribuição eletrolítica, razão pela qual não são recomendados para testes de minerais. Atuam por interferência com o cálcio.

Observação:
Quando utilizar seringa, abrir a tampa e aspirar o anticoagulante do tubo e, então, realizar a coleta, retirar a agulha e transferir o sangue para o tubo deixando-o escorrer pela parede do frasco.

C - SORO SANGUÍNEO:
      É a porção do sangue após a separação do coágulo. O soro puro, é preferível para exames. Cuidados devem ser tomados com seringas, agulhas ou tubos que, molhados, são causas de hemólise. Colher de 2 a 5 ml de sangue de cada animal (a quantidade dependerá da espécie e do porte do animal).

SORO (tubo com tampa vermelha ou amarela):
      Colher por punção venosa utilizando o frasco a vácuo ou puncionar a veia com seringa e colher no mínimo 2 ml de sangue. Este procedimento deve demorar no máximo 2 minutos. Colocar na geladeira (2 - 8 C). É aconselhável colher em tubo de 5 ml quando a amostra for menor que 4 ml, para evitar hemólise em tubo maior.

D - PLASMA SANGUÍNEO:
      É o sobrenadante do sangue após centrifugação das células do sangue animal com anticoagulante. É indicado para determinar os fatores de coagulação e certos metabólitos.

COLETA DE SANGUE

Local indicado para coleta de sangue nos animais domésticos:
  • Ruminantes: veia jugular, coccígea média.
  • Eqüinos: veia jugular
  • Caninos e felinos: veia jugular, cefálica, femoral ou safenas
Passos básicos para uma boa coleta:
  • Verificar sempre, antes da coleta, a necessidade ou não de anticoagulante e o anticoagulante a ser utilizado.
  • Verificar se o exame exige um cuidado especial com o paciente ou com a coleta.
  • Exames em que a coleta deva ser feita em tempos diferentes, comunique ao proprietário e cumpra rigorosamente estes tempos.
  • Verifique sempre o volume recomendado de material, para realização de cada exame e procure enviar ema quantidade maior que a necessária, para possíveis repetições ou transtorno no transporte.
Técnicas de punção:
  1. Sempre que necessário depilar a região
  2. Realizar assepsia local
  3. Fazer garrote ou pressionar com o dedo sobre o vaso sangüíneo que vai ser puncionado. Este garrote não deve demorar.
  4. Introduzir com firmeza a agulha na pele e depois no vaso sangüíneo. Deve tomar cuidado para não estourar a veia levando a formação de hematoma. Imediatamente após penetrar a agulha no vaso deve-se retirar o garrote de aspirar o sangue.
  5. Retirar a agulha e pressionar com algodão embebido em anti-séptico.
  6. A manipulação e o acondicionamento do sangue de acordo com o tipo de exame que vai ser feito.
Técnicas para coleta de sangue a vácuo:
Antes de iniciar uma punção certificar-se que o material abaixo será de fácil acesso:
  • Tubos necessários à coleta;
  • Etiquetas para identificação do paciente;
  • Algodão embebido em anti-séptico;
  • Agulhas múltiplas;
  • Adaptador para coleta a vácuo;
  • Garrote;
A "ordem de coleta" recomenda segundo a NCCLS (National Committee for Clinical Laboratory Standard), quando há necessidade de se coletar várias amostras de um mesmo paciente, durante uma mesma punção é a seguinte:
Tubo para hemocultura (quando houver);
  • Tubo sem aditivo (soro);
  • Tubo com citrato (coagulação);
  • Tubo com heparina (para plasma);
  • Tubo com EDTA (hematologia);
  • Tubo com fluoreto de sódio (glicemia).
Após o material estar preparado, iniciar a punção:
  1. Verificar quais os exames serão realizados;
  2. Fazer antissepsia do local da punção (primeiro do centro do local de perfuração para fora em movimento espiral). Nunca toque o local da punção exceto com luvas estéreis.
  3. Remover a capa inferior da agulha múltipla.
  4. Conectá-la ao adaptador. Estar certo de que a agulha esteja firme para assegurar que não solte durante o uso. Remover a capa superior da agulha múltipla, mantendo o bisel voltado para cima.
  5. Colocar o garrote.
  6. O sistema agulha-adaptador deve ser apoiado na palma da mão e seguro firme entre o indicador e o polegar.
  7. No ato da punção, com o indicador ou polegar de uma das mãos esticar a pele do animal firmando a veia escolhida e com o sistema agulha-adaptador na outra mão puncionar a veia com precisão e rapidez (movimento único).
  8. O sistema agulha-adaptador deve estar em um ângulo de coleta de 15 em relação ao braço ou pescoço do paciente.
  9. Segurando firmemente o sistema agulha-adaptador com uma das mãos, com a outra pegar o tubo de coleta a ser utilizado e conectá-lo ao adaptador. Sempre possível, a mão que estiver puncionando deverá controlar o sistema, pois durante a coleta a mudança de mão poderá provocar alteração indevida na posição da agulha.
  10. Com o tubo de coleta dentro do adaptador do adaptador, pressione-o com o polegar, até que a tampa tenha sido penetrada. Sempre manter o tubo pressionado pelo polegar assegurando um ótimo preenchimento.
  11. Tão logo o sangue flua para dentro do tubo coletor, o garrote deverá ser retirado. Porém, se a veia for muito fina o garrote poderá ser mantido.
  12. Quando o tubo estiver cheio o fluxo sangüíneo cessar, remova-o do adaptador trocando-o pelo seguinte.
  13. Acoplar o tubo subsequente em ordem específica a cada um dos exames solicitados, sempre seguindo a seqüência correta de coleta.
  14. À medida que forem preenchidos os tubos, homogeneizá-los gentilmente por inversão (4 a 6 vezes). NOTA: Agitar vigorosamente pode causar espuma ou hemólise. Não homogeneizar ou homogeneizar insuficiente os tubos de sorologia pode resultar em uma demora na coagulação. Nos tubos com anticoagulante, homogeneização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/ou microcoágulos.
  15. Tão logo termine a coleta do último tubo retirar a agulha.
  16. Pressionar o local da punção com algodão embebido em anti-séptico.
Dificuldades na coleta:
Algumas dificuldades podem surgir pela inexperiência do uso do sistema a vácuo, sendo mais freqüente a falta de fluxo sangüíneo para dentro do tubo.

A punção foi muito profunda e transfixou a veia.
SOLUÇÃO: retrair a agulha.

A agulha se localizou ao lado da veia, sem atingir a luz do vaso.
SOLUÇÃO: Apalpar a veia, localizar a sua trajetória e corrigir o posicionamento da agulha, aprofundando-a.

Aderência do bisel na parede interna da veia.
SOLUÇÃO: Desconectar o tubo, girar suavemente o adaptador liberando o bisel e reiniciar a coleta.

Colabamento da veia.
SOLUÇÃO: Diminuir a pressão do garrote.

Outras situações podem ser criadas no momento da coleta, dificultando-a:
  • agulha de calibre incompatível com a veia;
  • estase venosa devido a garroteamento prolongado;
  • bisel voltado para baixo.
Coleta de sangue/Conservação/Interferência/Remessa:
O método mais indicado para conservação do sangue é em esfregaço ou com anticoagulante. O sangue deve ser colhido usando seringa e agulha esterilizadas e secas ou tubos de vácuo, para evitar hemólise, e depositado em frasco e seco, com anticoagulante (EDTA, 1mg/ml). Retirar a agulha da seringa e depositar o sangue escorrendo lentamente pelas paredes do frasco. Tomar cuidado ao "explorar" o local da punção com agulha pois pode liberar líquidos teciduais que poderão interferir nos resultados dos exames. Ao prolongar o garroteamento pode haver uma concentração de soluto que poderá interferir nos resultados, principalmente na coagulação.

Com amostras de sangue, deve se tomar cuidado na sua coleta, conservação, tempo de estocagem, temperatura de acondicionamento, volume necessário e anticoagulante correto. Normalmente, quando não são observadas algumas normas podem ocorrer hemólise ou lipemia (principalmente para exames bioquímicos) ao escolher o material de coleta deve-se pensar no calibre da agulha que será utilizada pois se o calibre for menor que 25x07 pode ocorrer um excesso de sucção levando a hemólise. A hemólise causa alterações nas dosagens de enzimas (ex. AST, ALT, Fosf. Alcalina)

A presença de lipemia também pode levar a hemólise. A lipemia é observada visualmente por sua coloração esbranquiçada, enquanto que a hemólise requer uma centrifugação prévia. A hemólise causa no plasma um aumento dos constituintes que estão contidos dentro da hemácia (ex. AST) ou diminui os elementos presentes no soro (ex. colesterol). A lipemia pós-prandial pode ser eliminada pelo jejum do animal (12 horas) antes de se colher a amostra. Homogeinizá-lo lentamente e enviar ao laboratório no prazo máximo de 24 horas. Utilizar gelo como conservador. Podemos encontrar hemólise em algumas doenças, mas normalmente é verificado que resulta de dificuldade com o manuseio da amostra por vários motivos, como aplicação de pressão excessiva na seringa ao se transferir o sangue para frascos, agitação excessiva, estocagem prolongada do sangue, principalmente se tiver sido exposto a altas temperaturas.


COLETA DE MATERIAIS DIVERSOS

ANATOMIA PATOLÓGICA APLICADA À VETERINÁRIA


PREPARAÇÃO DO TECIDO:

Os tecidos devem ser acondicionados, após serem lavados do sangue em frascos de boca larga, dependendo da quantidade do material. Envolver os tecidos que tendem a flutuar (pulmão e medula óssea) com gaze ou algodão. Para a histopatologia convencional o fixador mais comum é a solução aquosa de formalina, formol a 10% (1 parte de formol para 9 partes de água). Particularmente para o sistema nervoso, deve ser realizada a fixação em formol a 20% (1 parte de formol em 4 partes de água), para preservar melhor a integridade do órgão. O volume ideal corresponde à cerca de 20 vezes o volume da peça a ser fixada. Cortar o tecido em fatias finas (1 a 2 cm), incluindo a lesão e algum tecido adjacente com aspecto normal. Após 24 horas o fixador deve ser trocado ou pode ser escorrido para evitar que venha a ser derramado durante o transporte.
IDENTIFICAÇÃO / REQUISIÇÃO DE EXAMES:
Os frascos devem estar rotulados com a correta identificação do paciente. Anexar sempre história clínica, espécie, raça, sexo, idade e outras informações que julgar necessário. Enviar o material juntamente com o relatório de necrópsia, o que é essencial no estabelecimento do diagnóstico, especialmente porque o patologista que fará a leitura das lâminas não teve acesso à necrópsia.
O relatório deve fornecer uma descrição detalhada e objetiva das lesões macroscópicas, de tal forma que retrate claramente o que foi visto. É necessário ainda explicitar as peças que compõem o material enviado. A requisição deve ir protegida por plástico do restante do material. Desta forma evitaremos derrames, borrões, desaparecimento da escrita e dos informes. Estes procedimentos facilitarão nosso entendimento agilizando portanto a entrega dos laudos.
CÁLCULO URINÁRIO (coletor universal)

Colocar os cálculos em frasco limpo e seco. Manter a temperatura ambiente. Não é necessário uso de conservantes.

CULTURA ("swabs", coletor universal estéril ou tubo estéril)

Colher o material o mais diretamente possível da lesão.
Lesões profundas: realizar rigorosa antissepsia da região externa e puncionar com seringa e agulha.
Fístulas e abcessos abertos: realizar rigorosa antissepsia da região externa e espremer o material da profundidade, colhendo a secreção com "swab" ou seringa.
Ouvidos: realizar rigorosa antissepsia da região externa e colher com "swab".
Vagina/Útero: realizar rigorosa antissepsia da região externa e colher com "swab".
Enviar a amostra, imediatamente, após a coleta ao laboratório ou solicitar meio de transporte apropriado, caso o material só pode ser entregue após 12 horas.

EXAME CITOLÓGICO

O exame citológico é uma excelente ferramenta para auxiliar o médico veterinário no diagnóstico e no prognóstico. O exame citológico apresenta como característica principal a rapidez no diagnóstico quando comparado ao exame histopatológico; necessitada de pequena quantidade de material. A sua maior limitação é que muitas vezes o exame citológico deve ser confirmado através de um exame histopatológico por não proporcionar a visualização da arquitetura do tecido alterado, como ocorre no histopatológico. É indicada para diferenciar processos inflamatórios agudos ou crônicos e neoplásicos benignos e malignos.
Podemos dividir em 3 formas de obtenção do material:

- Citologia Esfoliativa -
Remove-se as células mais superficiais da lesão através de esfoliação (raspagem), sendo indicada na avaliação de epitélios, para caracterizar exsudatos ou para visualização de agentes infecciosos e parasitários. Esta técnica é usada, por exemplo, na determinação da fase do ciclo estral de cadelas, de processos inflamatórios uterinos, habronemoses, lesões cutâneas em geral, otites, etc.

- Citologia por Decalque (imprint ou claps) -
Colhe-se fragmento de 1-2 cm do órgão ou nódulo a ser examinado, tira-se o excesso de sangue com um papel toalha e faz a impressão em uma lâmina limpa. É uma técnica muito utilizada em sala de necropsia para confirmação diagnóstica de suspeitas levantadas à macroscopia, com resposta rápida. Também utilizada para de lesões cutâneas, pressionando-se a lâmina contra a lesão. Deixa-se secar e fixa-se para enviar ao laboratório.

- Citologia por Esmagamento (squash) -
Esta técnica consiste em colocar uma lâmina sobre a outra (contendo um fragmento de 2 mm do material a ser examinado), comprimindo-as e espalhando o material.

- Citologia Aspirativa por Agulha Fina ou Punção Aspirativa -
Usada para massas e órgãos superficiais como massas expansivas, linfonodos, próstata, tireóide. Usar seringa de 5, 10 ou 20 ml com agulha de diâmetro. Aspirar material representativo, colocar na lâmina e deslizar sobre outra. Fixar as 2 lâminas ao ar ou em álcool por 20 a 30 minutos e enviar ao laboratório em frasco porta-lâminas com histórico detalhado, técnica de colheita e de fixação.
Utilizando o Ultra-som é possível coletar amostras mais representativas de órgãos como fígado, baço, próstata, linfonodos, tireóide e massas expansivas com maior segurança e representatividade. Esse procedimento pode ser realizado no laborlife com ou sem a presença do veterinário solicitante.

EXAME DIRETO E CULTURA PARA FUNGOS

Para colheita de material de pele em animais de pêlos longos realizar tricotomia parcial, deixando pêlos com no máximo 0,5 a 1,0 cm de comprimento. Pode-se pesquisar ectoparasitas e fungos.
Fazer um raspado profundo da borda da lesão colocando o material entre 2 lâminas limpas com álcool absoluto. Quando a suspeita é de sarna demodécica deve-se comprimir fortemente a pele com os dedos e arrancar os pelos com o bulbo pois este parasito se localiza profundamente na pele. O material do raspado para pesquisa de ectoparasito pode ser colocado em frasco limpo e seco ou com solução salina.
Para cultura de lesões profundas enviar a secreção em seringa ou "swab" da secreção manter entre 2°e 8°C.

FEZES RECENTES (coletor universal)

Colher amostra de fezes frescas, não expostas ao sol. O ideal é coletar diretamente do reto, caso não seja possível, coleta-se da porção que não entrou em contato com o solo. A amostra deve ser coletada em recipiente apropriado. As amostras podem ser destinadas a exames parasitológicos e químicos.
Em caso de rebanho pode-se fazer o O.P.G (ovos por gramas de fezes) que é um exame apenas quantitativo. Deve-se colher uma pequena amostra de alguns animais do mesmo lote e juntá-las num só recipiente ("pool"). Refrigerar imediatamente (2-8°C). Nunca congelar amostras de fezes.
Quantidade: 10 a 20g ou 10 a 20 ml.

FLUÍDOS SINOVIAL, PERITONIAL, PLEURAL E LÍQUOR

Colher o fluído com uma seringa plástica e passar cerca de 2 ml para o frasco de tampa vermelha e cerca de 2ml em frasco de tampa roxa. Manter em geladeira (2-8°C). Realizar também um esfregaço fino (interrompido, sem cauda) e secá-lo ao ar, colocá-lo em porta lâmina e manter à temperatura ambiente.

HEMOCULTURA (frasco para hemocultura)

Realizar tricotomia, antissepsia de pele, deixar secar. Atenção para não palpar novamente a pele sobre a veia a ser puncionada. Se a coleta não for feita à vácuo proceder à desinfecção da tampa do frasco antes da inoculação de pelo menos 2 ml de sangue. Informar ao laboratório a suspeita diagnóstica. Os frascos para hemocultura deve ser solicitado ao laboratório antes da coleta.

URINOCULTURA (tubo cônico, coletor universal)

Colher amostra de urina preferencialmente com sonda ou por cistocentese (mais recomendado). Acondicionar em recipiente apropriado. Amostra tem que ser coletada de maneira asséptica. Refrigerar imediatamente (2°-8°C). Obs.: Para se fazer análise bacteriologia é importante que não haja nenhuma contaminação da amostra. Nunca colher comswab, pois inviabiliza a contagem de colônias.
A coleta para realização de Elementos Anormais do Sedimento (EAS) de urina não necessita de assepsia total, podendo ser recolhida do local onde o animal urinou com a ajuda de uma seringa sem agulha e em seguida deve ser transferida para o frasco adequado, limpo e seco.

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