DERMATOLOGIA VETERINARIA

Este termo “displasia epidérmica” indica um desenvolvimento anormal dos queratinócitos, células da epiderme, somado a uma hipersensibilidade exagerada à levedura Malassezia sp, microrganismos sapróbios da pele dos cães e dos gatos.

Alguns autores suspeitam que a origem deste defeito na renovação epidérmica e da resposta exacerbada à Malassezia, tenha uma origem genética e hereditária, determinada por uma herança recessiva autossômica ainda não identificada. Porém, há controvérsias neste ponto, pois alguns pesquisadores observaram que cães Westies com diagnóstico de displasia epidérmica, obtido mediante exame histopatológico de biópsia cutânea, que foram tratados com xampus desengordurastes e antifúngicos, bem como antifúngico e antibiótico orais, mostraram uma melhora acentuada do quadro clínico e, no novo exame dermato-histopatológico de espécimes colhidas 4 meses após o início do tratamento, houve uma mudança no padrão histológico, para o de uma dermatite perivascular superficial. Estes achados permitiram concluir que a displasia epidérmica é uma ração inflamatória de hipersensibilidade cutânea à antígenos da Malassezia sp, ou ainda resultado de um excessivo auto-traumatismo, e não uma distúrbio congênito de queratinização.

Os sintomas clínicos desta doença são pele oleosidade cutânea (seborréia) , descamação, Alopecia (perda do pelame) , acompanhados de prurido (coceira intensa) à medida em que a infecção fúngica se instala. A pele se torna espessa (hiperqueratótica) , escura (hiperpigmentada) e com odor rançoso desagradável, nos casos crônicos.
O quadro se inicia por volta dos 6 aos 12 meses de idade , inicialmente na região facial (cefálica), abdominal e das extremidades dos membros, se espalhando por todo o corpo. Normalmente vem acompanhado de uma excessiva produção de cerume em orelhas (meatos acústicos), prurido ótico e piodermite secundária.

O diagnóstico é dado mediante o exame histopatológico de biópsia cutânea, somado aos sintomas e lesões observados.

O prognóstico desta afecção é bastante reservado, uma vez que os casos crônicos respondem pobremente à terapia, havendo necessidade de manutenção perpétua de medicamentos que aliviem os sintomas, uma vez que não há cura definitiva. 

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Alergia Alimentar em Cães e Gatos

janeiro 26, 2011

A alergia alimentar, também denominada hipersensibilidade alimentar ou dermatite trofo-alérgica, ocorre em 10% dos cães e gatos dermatopatas e corresponde a cerca de 5% dos casos alérgicos, consituindo-se como a terceria dermatopatia de natureza alérgica mais frequente dentre cães e gatos.
A patogenia deste quadro envolve reações de hipersensibilidade tipos II, III e IV a antígenos alimentares, normalmente representados por glicoproteínas.

Estes antígenos são macromoléculas protéicas hidrosolúveis, com peso molecular superior a 7500 daltons, absorvidos pela mucosa intestinal devido a falhas na barreira intestinal, e reconhecidos como antígenos devido a falhas no sistema imunológico. A barreira intestinal é constituída pela secreção de Ig A de mucosa, pelas células epiteliais fortemente unidas e pela presença de muco.
Dentre os alimentos identificados como alergenos podemos citar: carne bovina, soja, frango, leite, milho, trigo e conservantes. Estes passam a serem reconhecidos com antígenos após a cocção, preparo e digestão do alimento.
Os animais podem ser acometidos em qualquer idade, sendo que cerca de 50% dos casos são animais jovens, menores de 1 ano. Mesmo quando o alimento, quer de origem comercial ou caseira, é oferecido há muito tempo para determinado animal , sem ter havido qualquer mudança nos hábitos aliementares, devemos suspeitar de alergia aliementar, pois a primo-manifestação dos sintomas pode demorar meses a anos.
Dentre as raças caninas mais predispostas podemos citar o Cocker Spaniel, o Labrador, o Collie, o Schnauzer, o Shar Pei, o Poodle, o West Highland, o Boxer, o Lhasa Apso e o Teckel.
Os sintomas da alergia alimentar são prurido intenso , mormente em região de face, orelhas, axilas, porções ventrais do corpo e membros. Podem estar presentes malasseziose cutânea e piodermites secundárias, bem como otites externas. As disqueratoses acompanham grande parte dos casos. Em cerca de 10 a 15% dos cães com dermatite trofo-alérgica há concomitância com emese, diarréia e cólicas intestinais intermitentes.
As lesões incluem alopecia focal ou disseminada, eritema, pápulas, pústulas, crostas , hiperqueratose ou liquenificação, descamação, untuosidade ou ressecamento cutâneo.

No gatos a alergia alimentar pode se manifestar clinicamente de múltiplas formas: dermattie miliar, alopecia, prurido (principalmente facial e cervical), urticária, granuloma eosinfílico (placa eosinofílcia, úlcera indolente e granuloma linear). Cerca de 10% dos felinos também apresentam emese e diarréia.
Não há sazonalidade quanto às manifestações sintomatológicas, exceto naqueles casos em que há associação com dermatite atópica.

O diangnóstico da alergia alimentar pode ser firmado, única e exclusivamente, através da interposição de uma dieta caseira dita “de eliminação”, durante um período que varia entre 10 a 13 semanas. Esta dieta deve conter ingredientes jamais ingeridos anteriormente pelo animal, tais como: peixe, carneiro, coelho, carnes de caça, arroz integral, ovos, batata e outros tubérculos. Durante este período de teste não deve ser dado nada extra ao animal, como petiscos, ossos industrializados, etc.

O uso de dietas comerciais, ditas hipoalergênicas, não é indicado com finalidade diagnóstica, uma vez que há riscos de contaminação da ração com outros ingredientes durante o processo de industrialização, ao fato de que a fonte de gordura animal contida na ração poder conter proteínas estranhas e, sobretudo, à presença de conservantes e aditivos, aos quais os animais podem ser alérgicos.

Vários estudos conduzidos por pesquisadores nos EUA mostram que 15 a 50% dos cães comprovadamente alérgicos a alimentos apresentam alergia a rações comerciais ditas hipoalergênicas.
Havendo uma melhora significativa após o término deste período de teste, pode-se optar pela exposição provocativa, em que o alimento ao qual se deseja investig é introduzido na dieta caseira de eliminação a cada 14 dias, observando-se neste período a piora ou manutenção do quadro. Quando houver agravamento lesional e recidiva do prurido, aquele alimento testado é considerado como alergeno e eliminado da dieta daquele animal. Assim, pode-se chegar à conclusão de que alimentos estão envolvidos na etiopatogenia da alergia para cada animal, e propor dietas caseiras balanceadas e individualizadas, ou mesmo dietas comerciais que não os contenham.

Muitos proprietários preferem manter a dieta de aliminação “ad eternum”, pois julgam ser menos trabalhoso ou porque temerem a recidiva dos sintomas e lesões. Neste caso, deve-se realizar um balanceamento correto da dieta, e ter em mente que este animal poderá se tornar também alérgico a estes ingredientes, no futuro.

Os testes sosrológicos e cutâneos não são indicados para o diagnóstico da hipersensibilidade alimentar, por vários motivos: primeiramente, por avaliarem apenas uma reação de hieprsensibilidade do tipo I, que não está envolvida na etipatogenia deste quadro . Ainda, utilizam antígenos “in natura”, ou seja, não processados ou submetidos à cocção, industrialização e digestão, processo estes que modificam sua estrutura molecular. Por fim, estes testes apresentam baixa especificidade e não são métodos confiáveis.

O tratamento envolve a idnetificação dos alergenos envolvidos e eliminação dos mesmos da dieta, utilizando-se preparados caseiros formulados de acordo com o resultado da exposição provocativa, ou rações comerciais que não contenham os alergenos em questão. A relação ideal entre carbohidratos e proteínas da dieta é de 1:1, desde que não haja nefropatia ou hepatopatia concomitante. O carbonato de cálcio deve ser acrescido, bem como vitminas, ácidos graxos e sais minerais. Para tanto, pode-se lançar mão do balanceamento nutriconal elaborado com auxílio de planilhas nutricionais ou de profissionais especialistas nesta área.

O uso de drogas anti-pruriginosas, tais como anti-histamíncios e glicocorticóides, podem ser usados para aliviar o prurido durante a fase inicial da dieta, mas por um período breve (10 a 15 dias) , a fim de não mascarar o efeito da dieta na melhora clínica.
Os quadros cutâneos associados à hipersensibilidade, tais como Malasseziose, piodermites e disqueratose, bem como as otites, devem ser medicados em paralelo, topica ou sistemicamente, de acordo com a magnitude lesional.

O prognóstico é bom, embora sujeito a recidivas em função de novos alergenos alimentares em potencial, presentes na dieta.

Informações resumidas sobre a doença.

Cibele Nahas Mazzei, MV, MSc
dermatopet.com.br

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Demartite Miliar Felina

abril 17, 2010

As lesões clássicas da dermatite miliar felina são pápulas pequenas encimadas por crostas focais, mormente em região cervical, ou generalizadas. A dermatite miliar não é um diagnóstico em si mas sim um termo que descreve um padrão de reação cutânea desencada por vários fatores.

As possíveis causas deste quadro mórbido, bem como alguns itens como localização das lesões, maneiras de chegar ao diagnóstico, tratamento e prognóstico estão dispostas a seguir em forma de tabela:

CAUSA LOCAIS ACOMETIDOS DIAGNÓSTICO TRATAMENTO PROGNÓSTICO
DAPP

Região lombo-sacra;

partes distais do tronco; disseminado.

Controle de pulgas. Glicocorticóides, anti-histamínicos, controle de pulgas. Bom.
Dermatite atópica Regiões cervical e cefálica. Exclusão de demais alergias; histórico e exame físico; testes intra-dérmicos Glicocorticóides, anti-histamínicos, imunoterapia, ácidos graxos essenciais. Bom, mas exige tratamento vitalício.
Alergia alimentar Regiões cefálica e cervical; disseminado. Dieta de eliminação. Glicocorticóides, anti-histamínicos, ácidos graxos. Bom.
Escabiose Orelhas, regiões cervical e cefálica; região caudal Exame parastitológico de raspado cutâneo Anti-parasitários bom
Cheyletielose Região dorsal do tronco Exame parastitológico de escamas Anti-parasitários bom
Dermatofitose Focais ou disseminadas Tricograma; cultivo micológico de pelame; luz de Wood Anti-fúngicos

Reservado em animais de gatis e gatos Persa.

Bom nos demais casos.

Foliculite bacteriana Pescoço e cabeça Citologia e biópsia Anti-bacterianos bom

Embora as lesões sejam de sejam de fácil reconhecimento , é fundamental que se chegue às causas de base para que se obtenha a cura definitiva e não haja recidiva. Para tanto, é necessário que se faça a exclusão de cada uma das possíveis causas citadas, e isto envolve a colaboração e adesão do proprietário, bem como o acompanhamento periódico do clínico veterinário.

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Como diagnosticar alergias em cães e gatos?

abril 16, 2010

A alergia em Medicina Veterinária, assim como em Medicina Humana, é de diagnóstico bastante complexo e vem acometendo um número crescente de cães e gatos no mundo todo. Creio que toda especialidade clínica atende casos difíceis, cuja condução torna-se um processo desgastante tanto para o proprietário quanto para o veterinário, afetando em última instância o próprio animal. Em dermatologia veterinária este “calcanhar de Aquiles “ , por assim dizer, constituem as Dermatites alérgicas.

Atualmente elas correspondem a cerca de 70% dos casos dermatológicos atendidos na rotina clínica-dermatológica e, muitas vezes, o diagnóstico é trabalhoso e o prognóstico é sombrio. Digo isto porque não existe mágica, ou seja, não é possível diagnosticar alergia de forma confiável através de um exame laboratorial, como fazemos com tantas outras doenças dermatológicas, tais como as dermatites parasitárias (sarnas), as dermatites fúngicas (micoses), as neoplasias, as doenças autoimunes e tantas outras.

O diagnóstico confiável baseia-se na exclusão de demais dermatopatias pruriginosas (doenças que causam coceira) e, uma vez confirmado tratar-se de alergia, excluímos as diversas causas alérgicas. Isto, na maioria das vezes, gera frustração tanto ao cliente quanto ao veterinário especialista. O primeiro porque já consultou inúmeros profissionais antes de chegar a um especialista e quer uma resposta simples e imediata que resolva o problema do seu animal. Por outro lado, nós, clínicos, também nos frustramos ao perceber o semblante desanimador do proprietário, pois terá que passar por várias etapas antes de descobrirmos o tipo de alergia que acomete seu animal e, muitas vezes, terá que lidar com algo incurável por toda a vida.

A primeira etapa consiste na eliminação de ectoparasitas, pulgas, carrapatos e piolhos. Uma vez isto feito, eliminamos alimentos possivelmente envolvidos na alergia, e isto exige muita paciência e dedicação por parte dos proprietários, pois terão que oferecer alimentos caseiros ao animal por um período muito longo, que varia entre 60 e 90 dias, e remover todos os alimentos industrializados da sua dieta. Esta dieta, chamada de eliminação, é uma etapa fundamental para se excluir alergia alimentar, e não pode ser negligenciada. Os ingredientes são escolhidos pelo veterinário com base naquilo que o animal nunca tenha ingerido anteriormente. A adesão a este protocolo é fundamental para concluirmos que alergia o animal tem de fato.

Uma vez feito isto e não havendo melhora clínica, concluímos por fim tratar-se de uma dermatite atópica, também chamada a alergia a inalantes ambientais, que é incurável e exigirá um tratamento permanente do animal.

O que ocorre, na maioria das vezes, é que muitos proprietários saem frustrados da consulta com o especialista em dermatologia, dizendo: “Mais um que não sabe o que meu animal tem…”. Isto, mesmo depois de ouvir uma explicação minuciosa, detalhada de todo o processo, e das etapas que virão a seguir. A sensação que fica é de falta de diagnóstico correto. Este sentimento tem levado muitos proprietários a procurarem receitas milagrosas, vacinas mágicas cujo nome e conteúdo não são revelados pelos colegas, muitas delas manipuladas, que prometem cura completa. Desconhecem que estes produtos, infelizmente contém, na maioria das vezes, corticosteroides, verdadeiros venenos quando utilizados de forma indiscriminada. Outros, por sua vez, são realmente fórmulas místicas e empíricas, sem nenhum fundamento científico.

Tenho atendido muitos pacientes ludibriados por estes procedimentos, e animais que desenvolvem insuficiência renal prematura ou mesmo cardiopatias em idade precoce, efeitos colaterais do uso excessivo de corticoides.

Para nós, dermatólogos, seria muito mais fácil conduzir tais casos de forma rápida e eficiente, diagnosticando genericamente como “dermatite “ e fazendo o uso amplo de corticosteroides injetáveis, porém, aqueles que trabalham de forma consciente sabem que este não é o melhor para o animal.

Fica aqui o alerta para os proprietários de animais supostamente alérgicos: a investigação detalhada se faz necessária para uma condução adequada do paciente. Contudo, uma vez concluído o diagnóstico de dermatite atópica, o uso de medicamentos será por toda a vida.

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Dica: cuidados devemos ter ao adquirir um animal de estimação

abril 12, 2010

- Dê preferência por comprar um filhote diretamente do canil ou do criador, pois é uma oportunidade de se conhecer os pais, os irmãos da mesma ninhada ou de ninhadas anteriores, e observar as condições de higiene e manejo do local (alimentação, tipo de canil, estado nutricional ds animais, etc).

- Observe, se for macho, se os dois testíulos são palpáveis e estão na bolsa escrotal. A ausência de 1 ou dos 2 testículos
é congênita, e pode ocasionar problemas futuros.

- Observe a cor da gengiva dos filhotes (deve ser rosa) e o estado geral da pelagem. A presença de caspa, falhas na pelagem, pulgas, carrapataos, piolhos deve ser verificada. O pêlo deve ser brilhante e firmemente aderido.

- Observe se o filhote se coça em excesso.

- Pergunte sobre a mãe, o pai e antecedentes mais distantes. Doenças como sarna negra (ou demodécica) e atopia canina (alergia a inalantes) são congêntias (transmitidas geneticamente).

- Exija o atestado de displasia coxo-femural negativo dos pais (no caso de raças de porte médio ou grande que são as mais
predispostas).

- É ideal que o primeiro banho seja dado somente após a primeira vacina múltiplas (V8 ou V10 no caso dos cães
e V4 nos gatos), sempre com água morna e corrente, sabonete ou xampus neutros, protegendo as orelhas com algodão hidrófobo ou parafinado. Evite correntes de ar e procure dar o banho no horário mais quente do dia. Seque com toalha ou com secador morno. Os felinos não necesitam de banhos frequentes, a não ser que venham apresentar algum problema de pele.

Ver outras dicas

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Infestação por piolhos (Pediculose)

março 28, 2010

Os piolhos são insetos espécie-específicos que acometem os animais domésticos e também o homem. Isto quer dizer que as espécies que acometem o homem não infestam os animais, e vice-versa. Embora tenham uma grande capacidade de proliferação, eles não sobrevivem mais do que alguns dias no ambiente longe do hospedeiro e são transmitidos por contato direto com animais infestados, bem como com objetos tais como escovas, pentes, cama, travesseiros, etc. A infestação por piolhos denomina-se pediculose.

Há dois tipos de piolhos em cães e gatos: os sugadores (Anoplura), que se alimentam de sangue e podem causar anemia e fraqueza em infestações maciças, e os mastigadores (Malophaga), que se alimentam de restos celulares da pele e do pelame. Podem ainda transmitir uma veminose intestinal pelo parasita Dipillidium caninum.


Cão infestado por piolhos com dermatite alérgica
à picada desses parasitas

Ambos os tipos podem causar uma dermatite alérgica caracterizada por prurido intenso (coceira), com conseqüente perda da pelagem e escoriações cutâneas. O animal apresenta um odor característico “de rato” e, freqüentemente, encontra-se irritadiço e nervoso pelo incômodo que sente. Há, contudo, casos assintomáticos em que os animais apresentam apenas uma seborréia seca levemente pruriginosa. Estes são os portadores sãos.


Piolho mastigador do cão (Trichodectes canis)

Piolho sugador do cão (Linognathus cetosus)


Piolho sugador humano (sub-ordem Anoplura)

Normalmente, os piolhos acometem animais que vivem em locais sujos, na rua ou em abrigos superpopulosos, e preferencialmente nos meses mais frios do ano.

O diagóstico é feito mediante um exame físico detalhado, bem como o exame microscópico do material obtido do pelame.

No tratamento, devem ser incluídos todos os cães da propriedade bem como os contactantes, e deve-se eliminar ou tratar os travesseiros, cobertores, toalhas, pentes e escovas, simultaneamente. Para isto podem ser usados inseticidas tópicos, na forma de xampus ou “spot on” (piretórides: deltametrina, permetrina, carbamatos, fipronil, imidacloprid, dentre outros), bem como sistêmicos (ivermectina).

No homem, há 3 espécies de piolhos: o do couro cabeludo (Pediculus capitis), o piolho do corpo (Pediculus humanus) e o Pthirus pubiso, vulgarmente chamado de “chato”, que causa a pediculose da púbis. Estes insetos podem transmitir doenças como a febre das trincheiras, a febre recorrente, que pode causar a morte quando não tratada, e o tifo exantemático, que se caracteriza pela febre e irritação da pele.

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Piodermite

março 28, 2010

Todos nós que militamos na área de Dermatologia de cães e gatos ficamos por vezes estarrrecidos e enfadados ao ver tantos casos de uma mesma doença: AS PIODERMITES.

Piodermite nada mais é do infecção bacteriana da pele (pio = pus, dermite = inflamação da pele). Podemos também chamá-las de foliculites bacterianas pois, via de regra, estas infecções envolvem os folículos pilosos, que são os locais da pele de onde nascem os pêlos.


Lesões clássicas de piodermite: pústulas e vermelhidão da pele (eritema)

Existem inúmeras causas para que elas aconteçam, isto porque a bactéria, principal causadora da doença em cães e gatos, é o Staphylococcus spp, que também faz parte da própria microbiota cutânea, isto é, vive na pele normal dos animais saudáveis sem causar nenhum problema. Então, sempre há um fator desencadeante que faz com que se quebre o equilíbrio entre a população bacteriana e o hospedeiro, levando a uma proliferação bacteriana excessiva e sem controle, o que ocasiona as lesões e os sintomas caracterísiticos. Este é o principal motivo que torna as piodermites tão freqüentes: o fato de serem manifestações de várias outras doenças que citaremos a seguir.

Como são as lesões?
Embora o nome da doença indique que deve haver a presença de pus, isto não ocorre na maioria das vezes. As lesões se manifestam de múltiplas formas: pápulas (pequenas elevações) avermelhadas recobertas por crostas (vulgarmente seriam “casquinhas”), pequenas bolhas com pus (pústulas), perda de pelame de forma circular recobeta por escamas, úlceras (perda de tecido profunda), erosões (perdas superficiais de tecido).


Lesões de piodermite em região cervical de um felino.

Como pode ser dado o diagnóstico?
O clínico pode fazer isto através do aspecto das lesões e da citologia do material (análise microscópica). Por vezes se torna também necessária a cultura microbiológica do material obtido das lesões.

O mais importante, contudo, não é diagnosticar a piodermie mas sim identificar suas causas. Para isto o veterinário deve fazer uma investigação detalhada quanto a possíveis alergias, seborréia, sarna negra, desequilíbrios hormonais, presença de pulgas ou de outros parasitas, carências nutricionais, micoses, doenças auto-imunes, etc. Por fim, há casos em que não se descobre a causa, e estes são chamados de idiopáticos.

O tratamento consiste no uso de antibióticos, xampus anti-sépticos ou anti-seborréicos e, principalmente, na identifiação e correção das causas de base.

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Problemas dermatológicos

março 28, 2010

Se o pêlo do seu amigão não anda bem, caindo ou com falhas, ele pode estar com algum problema de pele. Conheça as causas mais comuns.

Os principais problemas dermatológicos dos cães são as dermatites alérgicas, dermatites parasitárias (sarnas), as micoses superficiais e as piodermatites.

Alergias
Dentre as alergias, a mais frequente em nosso país é a alergia à picada de pulgas. Isto ocorre devido às condições climáticas favoráveis à procriação deste inseto, ocorrendo uma grande incidência desta alergia em meses mais quentes. Atualmente, existem várias maneiras de controlar esse problema, desde “anticoncepcionais para pulgas”, dados ao cão e ao gato por via oral, até inseticidas dotados de prolongada ação residual.

A atopia, alergia desencadeada por inalantes (ácaros, bolores e pólen) é o segundo tipo mais frequente de alergia em cães, e pode ser diagnosticada através de exame de sangue específico. Em terceiro lugar situa-se a alergia alimentar, sendo os alimentos de origem protéica (carne bovina e frango) os principais envolvidos.

Deve-se lembrar que a maioria das rações comerciais são constituídas basicamente por esses ingredientes, não estando, portanto, excluídas como potenciais causadoras de alergia alimentar.

Sarnas
Existem 2 tipos: a escabiose, transmissível a outros animais e ao homem, e a sarna negra ou demodécica, transmitida apenas da mãe para os filhotes nas primeiras horas de vida. Esta última causa lesões geralmente mais graves do que aquelas desencadeadas pela escabiose, e pode ser controlada, mas não curada totalmente.

Portanto, fêmeas que apresentam ou apresentaram quando filhotes a sarna negra, não devem procriar a fim de evitar-se maior disseminação desta doença. Curiosamente, a escabiose felina pode ser transmitida ao cão e vice versa, e ambas (felina e canina) podem ser transmitidas ao homem.

Micoses
As micoses superficiais são mais freqüentes em cães e gatos jovens (menores de 1 ano de idade) e são adquiridas através do contato com a terra, fômites contaminados (pentes,toalhas, tapetes…) e com outros animais. Estas também são potencialmente transmissíveis ao homem.

Piodermites (infecções bacterianas da pele)
Podem aparecer como conseqüência de qualquer uma das doenças acima citadas, sendo portanto, extremamente frequentes. Muitas vezes são confundidas com micoses ou alergias pelo clínico geral não especialista, pois assumem aspectos diversos e variados, assemelhando-se a outras dermatites. Além de diagnosticar e tratar a piodermite, é fundamental que se investigue as suas causas a fim de se evitar que ela reapareça.

Problemas hormonais
Diabetes mellitus, hipotireoidismo (diminuição da atividade das glândulas tireóides) e hiperadrenocorticismo (aumento da atividade das glândulas adrenais), podem levar a piodermites crônicas e recidivantes (que melhoram e depois reaparecem), além de causar queda do pelame e alteração na cor da pele e do pêlo, podendo ainda estar acompanhadas de obesidade.

A melhor forma de prevenir a maioria dos problemas de pele dos cães se dá através da escovação diária do pêlo e de banhos cuja frequência ideal (semanal, quinzenal ou mensal) depende do tipo de pelagem, das condições climáticas e de manejo nas quais o animal é criado. Já os gatos, extremamente asseados, dispensam os banhos frequentes, exceto quando apresentam dermatites, a exemplo da sarna, da micose e das piodermites.

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Bicho de pé: que bicho é esse?

março 28, 2010

O popularmente conhecido como “bicho de pé”, e cientificamente Tungíase, nada mais é do que uma pulga, a menor que existe, chamada Tunga penetrans, que vive em solos arenosos, quentes e secos, principalmmente em chiqueiros de porcos. A fêmea, depois de fecundada, é responsável pela doença, pois se aloja na pele de suínos e do homem, podendo acometer cães também.

Elas afetam principalmente as solas dos pés, os coxins dos cães, e região inter-digital e abaixo das unhas, causando lesões visíveis, do tamanho de um grão de ervilha. Isto porque a fêmea grávida entra na pele deixando apenas a parte posterior livre para respirar e depositar seus ovos no ambiente.


Adulto da pulga Tunga penetrans
Fonte:
www.ufrgs.br

O animal acometido e o homem sentem coceira e dor para andar. As lesões desencadeadas pelo parasita podem servir como porta de entrada para outras infecções, como o tétano, que é bastante grave.


Lesões em coxins de cão acometido por tungíase.
fonte:
www.med.sc.edu

O tratamento consiste na remoção dos parasitas em condições assépticas, desinfecção do local e, no caso do homem, previne-se a reinfestação com uso de calçados. No ambiente, pode-se aplicar inseticidas. A retirada de folhas secas do solo, o corte freqüente da grama e a manutenção do jardim são medidas fundamentais para o controle da pulga, pois ela gosta de locais secos e sombreados.

A Tungíase é considerada endêmica nas comunidades pobres do nordeste do Brasil, afetando populações ribeirinhas, que habitam em favelas ou mesmo em comunidades de pescadores. Os reservatórios da pulga nestes locais são os cães, gatos e ratos.

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Alterações na cor da pele e pelagem dos animais

março 28, 2010

A cor natural da pele, tanto do homem quanto dos animais, depende da quantidade e localização da melanina e de outros pigmentos presentes tanto na pele quanto no pêlo, nas penas das aves, nas escamas dos peixes, etc.

Quando um animal apresenta um escurecimento da pele, chamamos isto de HIPERPIGMENTAÇÃO OU MELANODERMIA, e quando ocorre o inverso, ou seja, diminuição ou perda da cor natural, denominamos HIPOPIGMENTAÇÃO OU LEUCODERMIA. O mesmo vale para mudanças na cor do pêlo: leucotriquia (pêlo que se tornou mais claro) e melanotriquia (pêlo que se tornou mais escuro).

Existem muitas causas que levam a estas alterações, e vamos abordar apenas algumas delas. No caso das hiperpigmentações podemos citar:

  • LENTIGO: manchas negras no abdomen (região das mamas), de origem hereditária.
  • ACANTOSE NIGRICANTE: comum em cães da raça Teckel (antigo Dachshund ou salsichinha); pode ser de origem genética ou decorrente de alergias e micoses. Aparece como manchas negras acompanhadas de uma maior espessura e aspereza da pele na região axilar e inguinal (virilha).
  • MANCHAS PÓS-INFLAMATÓRIAS: decorrentes de lesões cutâneas de origem inflamatória (cicatrizes, infecções bacterianas da pele, sarna negra, micoses, etc). Muitas delas regridem quando tratamos a causa de base.
  • ALTERAÇÕES HORMONAIS: problemas decorrentes do mau funcionamento das tireóides, das gônadas (testículos e ovários) e das glândulas adrenais promovem manchas na pele e mudança na cor dos pêlos.


Husky Siberiana com áreas hiperpigmentadas e despigmentadas no pelame devido à endocrinopatia (desequilíbrio de hormônios sexuais) – antes e pós castração (foto: Cibele Nahas)

  • USO DE MEDICAMENTOS: drogas como mitotane e menociclina podem promover escurecimento da pele e do pelame.
  • TUMORES CUTÂNEOS: melanomas, carcinoma baso-celulares, fibromas e outros tumores podem aparecer como manchas em relevo de coloração castanho escura ou nódulos (massas sólidas com mais de 1 cm de diâmetro) enegrecidos.

Já em relação à perda ou diminuição da pigmenação, podemos citar outras causas:

  • ALBINISMO: hereditáio e genético, caracteriza-se pela brancura total dos pêlos e da pele, sendo que a íris dos olhos é azulada. Gatos brancos só são considerados albinos se não possuem nenhuma parte do corpo com pigmento, nem mesmo as almofadinhas das patas (coxins).
  • VITILIGO: mais freqüente nas raças Pastor alemão, Rotweiller, Doberman e Schanuzer gigante, bem como em gatos siameses. É de origem genética e hereditária, acarretando perda da coloração do pêlo e/ou da pele que normalmente se inicia pela cabeça, envolvendo inclusive os coxins e as unhas.
  • DEPIGMENTAÇÃO NASAL ( “DUDLEY NOSE, SNOW NOSE”): de causa desconhecida, aparece como uma perda gradual da cor negra ou castanho-escura do nariz, que adquire uma cor desbotada. Pode haver uma melhora espontânea, ou ciclos de melhora (nos meses mais quentes) e piora (nos meses mais frios do ano). É comum dentre os cães Labradores, Golden Retriever, Husky siberiano, Bernese Mountain dog, Pastores alemães e Poodles. É importante se fazer a diferenciação com dermatite de contato pelo uso de comedouros plásticos, bem como com outras doenças, como as auto-imunes, citadas a seguir.


Despigmentação nasal em Golden Retriever (fotos: Karine Andrade)

  • DOENÇAS AUTO-IMUNES: embora pouco freqüentes, algumas delas podem levar à morte se não diagnsoticadas a tempo. As que causam perda da pigmentação na região do focinho e da cabeça são o Pênfigo eritematoso, o Lupus eritematoso discóide, o Pênfigo foliáceo, e a Síndrome úveo-dematológica, muito comum nos cães Akitas. O tratamento envolve o uso de drogas imunosupressoras, como corticóides, bem como de anti-inflamatórios e protetores solares.


Síndrome úveo-dermatológica em
Akita com despigmentação nasal
(foto: Cibele Nahas)


Cães Samoyeda com despigmentação nasal
devido ao Lupus Eritematoso Discóide
(foto: Cibele Nahas)

  • HIPOPIGMENTAÇÃO PÓS-INFLAMATÓRIA: a inflamação cutânea normalmente promove aumento da pigmentação, mas pode induzir também à perda ou diminuição da cloração da pele em casos de calos de apoio inflamados, esporotricose, leishmaniose e queimaduras. A esporotricose e a Leishmaniose são doenças transmissíveis ao homem, muito graves, e devem ser prontantamente identificadas pelo clínico.
  • USO DE MEDICAMENTOS: cortisona, hormônios anti-concepcionais, cetoconazol e procainamida podem levar a um clareamento do pêlo.


Despigmentação desencadeda por
aplicação de corticóide sub-cutâneo
(foto: Cibele Nahas)

  • DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS: deficiência de zinco, cobre, ácido pantotêncio e lisina na dieta podem promover branqueamento ou avermelhamento do pelame.

Existem muitas outras causas, mas estas são as mais corriqueiras. Cada uma delas pode ser diagnosticada preferencialmente pelo clínico veterinário especialista em dermatologia, mediante um bom exame clínico, bem como pêlos trazidos pelo proprietário. Normalmente, se faz necessária a realização de exames complementares para fechar ou concluir o diagnóstico, a exemplo do exame histopatológico da biópsia cutânea, que deve ser realizado por um patologista com grande vivência em dermatologia.

Para cada caso há uma conduta específica, e o veterinário especialista é o profissional mais indicado para orientar o proprietário.

Não podemos deixar de citar ainda as manchas senis e os pêlos brancos decorrentes do envelhecimento natural, afinal, os anos passam para todos, até mesmo para nossos animaizinhos…

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Conheça um pouco mais sobre a vacinação contra a cinomose canina.1. A partir de que idade meu cão pode ser vacinado?Os cãezinhos podem ser vacinados a partir de 6 semanas de vida, mas esta indicação deve ser feita pelo Médico Veterinário. Adaptações no protocolo vacinal podem ocorrer de acordo com variações individuais (se ele está em condição de ser vacinado, se o risco de exposição à doença é mais precoce, etc).

2. Que cuidados devo ter enquanto meu cão está sendo vacinado?
Normalmente os filhotes de cães recebem pelo menos 3 doses de vacina na primeira fase da vida (processo conhecido como primovacinação). Os animais devem ser submetidos a um exame clínico pelo Médico Veterinário toda vez que forem vacinados, com o objetivo de determinar se o animal está em condições de receber a vacina. Animais doentes, subnutridos ou parasitados devem ser tratados antes de receber a vacina. Outro cuidado a ser observado é que, até que o esquema vacinal seja finalizado, recomenda-se que os animais permaneçam protegidos, longe da rua e do contato com animais de histórico vacinal desconhecido, ou mesmo não vacinados.

3. As vacinas contra a cinomose canina são todas iguais?
Não. As vacinas tradicionais do mercado contêm o vírus vivo atenuado. São muito eficazes e seguras, sendo utilizadas há muitos anos. Recentemente novas tecnologias vacinais foram desenvolvidas para a imunização de seres humanos e animais com a máxima segurança e potência: as vacinas recombinantes. A vacina recombinante contra a cinomose canina já está disponível no mercado e traz benefícios para a imunização de cães filhotes e adultos. Procure seu médico veterinário e pergunte sobre os benefícios da vacina recombinante para a imunização de seu cão.

4. Devo revacinar meu animal anualmente?

Sim. Existem várias doenças contra as quais seu animal pode ser revacinado anualmente. A vacina contra a raiva, por exemplo, deve ser reaplicada todos os anos. Outras vacinas disponíveis podem ser aplicadas anualmente de acordo com a necessidade de seu animal. Consulte sempre seu Médico Veterinário – ele é a melhor pessoa para determinar o protocolo de vacinação ideal para o seu animal.
Este é o mal que mais mata atualmente
É muito comum os cavalos deitarem para espojar (rolar) para se sentirem mais confortáveis e espreguiçarem um pouco, costumam até ficarem um pouco deitados, mas logo se levantam.
Quando os eqüídeos de forma geral ficam durante longo tempo deitados e principalmente gemendo pode saber que a situação não está boa pra ele.
A cólica é o mal que mais mata os eqüídeos atualmente.
Os animais confinados em baias (cocheiras) têm uma tendência muito grande de terem cólicas muito sérias e seguidas, devido ao tipo de tratamento que é oferecido em alguns lugares.
Um conselho que muitas pessoas não conseguem seguir é o de deixar o animal o mais solto possível e dar a ração (concentrado) como complemento da alimentação e não como principal alimento oferecido ao animal.
Uma atitude que pode ser feita é a de oferecer as pontas do capim de capineira (sem o talo) diretamente no cocho sem passá-lo na picadeira.
Oferecer pontas de capim do tipo gordura, grama estrela, tifton e outros, principalmente se estiverem mais secos fazem o cavalo salivar mais e a saliva é rica em sódio que ajuda na digestão dos animais e faz com que o fluxo intestinal seja muito melhor evitando e muito as ocorrências de cólicas.
A raiva é uma doença infecciosa contagiosa aguda, causada por vírus que afeta o sistema nervoso central (SNC), caracterizada por um quadro de encefalite. Todos os mamíferos, inclusive o homem, são susceptíveis ao vírus da raiva. O prognóstico é fatal em praticamente 100% dos casos. 

Ò

Pertence à família "Rhabdoviridae", gênero "Lyssavirus" que inclui também o gênero "Vesiculovirus". A raiva é uma encefalite aguda, progressiva, causada por um RNA vírus da família Rhabdoviridae, do gênero Lyssavirus, que possui, atualmente, 7 genótipos. No Brasil apenas o genótipo 1 (Rabies virus – RABV) foi identificado. Esta zoonose é transmitida ao homem, principalmente, pela mordedura de animais infectados.  

O vírus da raiva é inativado pelo éter, radiação ultravioleta, raio X, luz solar, calor e dessecação. Também é destruído pela pasteurização, desidratação, detergentes e sabões, éter, acetona, álcool, compostos iodados, formol, ácidos de pH menor que 3 e bases com pH maior que 11. Resiste por 35 segundos em temperatura de 60° C, 4 horas a 40° C e vários dias a 4° C.


Vírus da Raiva
Acomente principalmente todos os mamíferos.
RAIVA EM CÃES E GATOS
Quando o vírus da raiva acomete carnívoros (cães e gatos), a doença se apresenta mais na forma agressiva ou furiosa e os sinais clínicos observados são:

Mudança de hábitos (animal busca esconder-se em lugares escuros);
Alterações bruscas de comportamento (agitação ou agressividade mais intensa ou ao contrário, fica isolado e quieto);
Mudança de hábitos alimentares (se adulto, volta a roer objetos, ingere materiais diversos ou estranhos); 
ÒDificuldade para engolir água e alimento devido à paralisia da musculatura da laringe/faringe;
ÒSalivação abundante;
ÒNo início incoordenação motora, evoluindo para paralisia dos membros pélvicos;
ÒNos cães, o latido torna-se diferente, parecendo um "uivo rouco", devido à paralisia das cordas vocais, sintoma importante da raiva canina.
Medidas a serem tomadas

ÒIsole o animal suspeito de ter a doença.
ÒSe o animal exposto tiver proprietário e for vacinado, recomenda-se seu isolamento para observação clínica por 10 dias e revacinação após esse período.
ÒEm caso de mordida ou contato com animal suspeito, o ferimento deve ser lavado com água e sabão, e a pessoa encaminhada ao serviço médico para as devidas providências de acordo com a lesão. 
ÒSe o animal exposto à raiva for errante, não vacinado e apresentar sinais sugestivos da doença, ele pode, a critério da autoridade sanitária, ser sacrificado para coleta de material para diagnóstico laboratorial.
ÒO proprietário ou o veterinário responsável deve entrar em contato com o Centro de Zoonoses de sua cidade para que se providencie a coleta de amostras de tecido do animal suspeito (morto) que devem ser enviadas a laboratórios governamentais para diagnóstico.
ÒO material coletado deve ser a cabeça inteira ou o cérebro, que devem ser acondicionados num isopor com gelo e enviados o mais rápido possível a um centro de diagnóstico de raiva. 
RAIVA EM BOVINOS
O principal transmissor da raiva para os herbívoros domésticos, como bovídeos (bovinos e bubalinos) é o morcego sugador de sangue, Desmodus rotundus, responsável por grandes prejuízos econômicos. 

Em herbívoros o principal sintoma é a paralisia. No início, os bovídeos se isolam, emitem mugidos freqüentes e roucos, têm dificuldade para defecar, apresentam sinais de engasgo e andar cambaleante. Deitam-se devido à paralisia dos membros posteriores, não conseguindo mais se levantar até chegar à morte. Ao apresentarem dificuldade de engolir, é comum tratadores e criadores, ou até mesmo veterinários desatentos, colocarem as mãos na garganta dos animais, imaginando que possam ter ingerido um corpo estranho ou alguma planta tóxica, expondo-se à doença. Com a paralisia, o animal fica com movimentos de pedalagem e o pasto em volta fica todo amassado.  
RAIVA EM EQÜINOS 
Cavalos infectados com raiva podem permanecer assintomáticos por até 1 ano, o que dificulta a identificação da fonte de exposição. Não há sinais patognomônicos de raiva em eqüinos, sendo que a apresentação dos sinais clínicos pode variar de claudicação à morte súbita. 

Proprietários podem relatar evolução lenta dos sinais, desde leve claudicação até decúbito lateral, incluindo-se comportamentos anormais. É importante lembrar que todo eqüino com sinais neurológicos deve ser suspeito de raiva até que se prove o contrário. 
Sinais clínicos
ÒIntolerância ao treinamento, claudicação, hiperestesia, paresia ou paralisia, decúbito dorsal, anorexia, cólica, mudança de comportamento e morte súbita são registros de sintomas observados no exame físico em casos confirmados de raiva.
ÒComportamento agressivo, hiperestesia, tremores musculares, convulsões, fotofobia e hidrofobia estão associados à raiva furiosa. 
ÒDepressão, anorexia, andar em círculos, ataxia, demência, disfagia e paralisia facial podem estar associados à forma "paralítica" da raiva, em que as lesões predominam no mesencéfalo, alternação na claudicação com hiperestesia, automutilação, ataxia e paralisia ascendente progressiva também foram associadas à forma "paralítica" da doença.
A morte geralmente sobrevém dentro de 2-3 dias a partir do início dos principais sinais. 

ÒO material para diagnóstico de raiva em eqüinos deve ser acondicionado em saco plástico duplo, vedado hermeticamente, identificado de forma clara e legível, não permitindo que a identificação se apague em contato com água ou gelo. Depois de colocada em caixa de isopor, com gelo suficiente para conservação do material, a caixa deve ser rotulada, fechada, a fim de evitar vazamentos que possam contaminar o pessoal responsável pelo transporte. 
ÒHá quatro formas epidemiológicas da raiva:
  • a)Raiva urbana;
  • b)Raiva silvestre;
  • c)Raiva rural;
  • d)Raiva aérea. 

ÒCiclo urbano - A raiva urbana, problema em países em desenvolvimento, afeta tanto cachorros de rua como domésticos, sendo responsável por mais de 99% dos casos em pessoas.
  

ÒCiclo rural - No ciclo rural, o morcego hematófago da espécie Desmodus rotundus é o principal transmissor da doença aos herbívoros domésticos. Os animais de produção também podem se infectar pela agressão de cães, gatos e mamíferos silvestres. A contaminação entre eles não ocorre, pois não possuem o hábito de morder outros animais.

ÒCiclo silvestre - No ciclo silvestre terrestre, a transmissão ocorre entre animais como a raposa, o lobo, o macaco, o coati, o gambá, etc. Esses animais podem servir também de fonte alimentar do morcego hematófago ou serem atacados por animais domésticos de estimação.

Ciclo aéreo - O ciclo aéreo é importante para a manutenção do vírus entre as várias espécies de morcegos que disseminam a raiva, pois como são os únicos mamíferos que voam, transpondo barreiras geográficas.
CONTROLE, PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Vacinar os animais anualmente;
Capturar e eliminar cães de rua;
Enviar amostras para exames laboratoriais;
Não deixe animais soltos na rua ou em contato com outros desconhecidos.
Não toque em animais desconhecidos, estranhos, feridos ou aparentemente doentes. Chame o Centro de Controle de Zoonoses para a remoção do animal. Não tente separar animais que estejam brigando.
Morcegos podem transmitir a raiva. Caso encontre algum em sua residência ou mesmo na rua, não tente capturá-lo. Chame o Centro de Controle de Zoonoses para a remoção do animal. Não entre em grutas ou cavernas, locais prováveis de abrigo de morcegos.
Não crie animais silvestres e nem tente tirá-los de seu "habitat" natural.
Não abandone animais nas ruas, em parques ou outros locais públicos.
Não deixe que seus animais se reproduzam sem controle, pois isso contribui para o aumento da população de animais errantes e disseminação de doenças. A castração é uma opção segura e indicada para o controle de natalidade dos animais.
Procurar sempre o Serviço Médico, no caso de agressão por animais.
Manter seu animal em observação quando ele agredir uma pessoa.
Não deixar o animal solto na rua e usar coleira/guia no cão ao sair.
Notificar a existência de animais errantes nas vizinhanças de seu domicílio;
Afaste as pessoas e animais do ambiente onde o morcego se instalou e isole o local, se possível.
Caso tenha problemas procure o Centro de Zoonoses de sua cidade ou uma orientação Médico Veterinário.

NÃO EXISTE TRATAMENTO PARA A RAIVA E SIM PROGRAMAS DE PROFILAXIA E VACINAÇÃO DOS ANIMAIS.
A vacinação não tem contraindicação, devendo ser iniciada o mais breve possível e garantir o completo esquema de vacinação preconizado. As vacinas humana e animal são gratuitas.
VACINE SEU ANIMAL!!!